(Rafael Ribeiro / CBF)
As trocas realizadas na Seleção Brasileira em função de cortes por lesão indicam que o técnico Dunga pode estar aderindo a uma forma mais ofensiva de jogar. As últimas baixas ocorreram na última terça-feira. Contundidos, o meia Rafinha Alcântara e o goleiro Ederson foram cortados e cederam os seus lugares ao atacante Lucas Moura e ao goleiro Marcelo Grohe, respectivamente. Com isso, são quatro as mudanças no grupo inicial convocado para o torneio. Ricardo Oliveira, trocado por Jonas, e Douglas Costa, por Kaká, já haviam sido cortados.
A principal evidência nesta direção foi a convocação de Lucas Moura para o lugar de Rafinha, que desde que chegou aos Estados Unidos não treinou uma vez sequer com bola e não se recuperou das dores musculares. Dunga poderia ter optado por um volante, no caso o gremista Wallace ou Fernandinho, do Manchester City. Ou até por um meia, como o são-paulino Paulo Henrique Ganso ou Oscar, do Chelsea.
No entanto, preferiu o atacante do Paris Saint-Germain. Mesmo porque tem no elenco Casemiro e até Rodrigo Caio, que é zagueiro, mas pode jogar de volante no lugar de Luiz Gustavo e Elias, se necessário.
O treinador já tinha dado sinais dessa "quinada ofensiva" quando teve de cortar Douglas Costa, que considera um meia-atacante, mas que é um jogador bastante agressivo. Chegou a cogitar em trocá-lo pelo atacante Gabriel Jesus, hipótese descartada porque o palmeirense não tinha visto americano.
Então, Dunga optou por Kaká, que não é tão ofensivo quanto os outros e já não consegue dar as arrancadas que ajudaram a consagrá-lo. Mas o meia do Orlando City foi chamado também pela experiência e capacidade de liderança, útil em um grupo com vários jogadores jovens.
Gabriel Jesus, aliás, perdeu a segunda chance de disputar a Copa América Centenário em menos de uma semana. Desta vez, desagradou a alguns integrantes da comissão técnica as declarações do técnico do Palmeiras, Cuca, que depois do clássico do último domingo contra o São Paulo disse que não contava mais com o jogador, pois, uma vez resolvido o problema do visto, ele seria chamado por Dunga.
A hipótese de Gabriel Jesus preencher o lugar deixado por Rafinha nunca foi tão grande assim - ele teria mais chances se pudesse ter concorrido à vaga de Douglas Costa na semana passada. E a língua solta de Cuca acabou de vez com as suas possibilidades.
Além disso, ao ter de abrir mão de Ricardo Oliveira, Dunga buscou trazer um jogador de características semelhantes, embora se movimente mais pelo ataque. E está empolgado com o santista Gabriel, pelo poder ofensivo e capacidade de exercer várias funções no ataque.
Outro indício de mudança do treinador: no último domingo, no amistoso contra o Panamá, a seleção brasileira atuou parte do segundo tempo com dois atacantes bem avançados e sem um volante apenas de marcação.