Tumores provocados pelo hábito de fumar devem atingir 2,5 mil mineiros em 2018

Malú Damázio
mdamazio@hojeemdia.com.br
30/05/2018 às 19:05.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:21
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

Pelo menos 2,5 mil mineiros devem desenvolver tumores na traqueia, brônquios e pulmão em 2018. A estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca), mostra um dos reflexos do tabagismo. O surgimento de doenças cardíacas e pulmonares também são consequências do hábito.

Embora essa seja a principal causa de morte evitável no planeta, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada dia 428 pessoas perdem a vida em decorrência do consumo de cigarros no Brasil. No Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado hoje, médicos reforçam a importância de se largar o vício.

“O cigarro tem 40 substâncias cancerígenas, que elevam em dez vezes o risco de uma pessoa desenvolver a doença no pulmão. Além disso, quem fuma pode ter a expectativa de vida reduzida em dez anos”, diz o pneumologista Guilherme Garcia, da Santa Casa de BH. 

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 Vício

Segundo o médico, o vício é orgânico, já que o corpo da pessoa está dependente das substâncias contidas no produto, e psicológico, porque fumar causa relaxamento e prazer. Além disso, o uso também está ligado a alguns comportamentos. “Tem muita gente que toma café ou cerveja, por exemplo, e sente vontade”.

Evitar esses hábitos é um dos primeiros passos para quem quer superar a dependência. “Se a pessoa, durante o trabalho, sempre tomava um café e acendia um cigarro, é importante que ela tente não praticar esses gatilhos”, afirma o radioncologista do Instituto de Radioterapia São Francisco, Thiago Jardim Arruda. 

Alternativas que deem prazer e substituam as boas sensações causadas pelo tabaco são essenciais. Atividades físicas, artísticas e culturais são algumas sugestões. Até mascar chicletes sem açúcar pode ajudar. 

Tarefa difícil

Mesmo que existam pílulas, adesivos e objetos que simulam cigarros, parar de fumar não é tarefa fácil. “A dependência da nicotina é química e realmente difícil de ser superada. Há estudos que mostram que só 7% dos pacientes que já desenvolveram algum câncer em decorrência do cigarro, de fato, abandonam o vício”, acrescenta Thiago Arruda. O médico indica que as pessoas agendem, no calendário, uma data exata para o abandono definitivo. 

Foi o que fez a empresária Maria Elizabeth Coimbra, que fumava desde os 12 anos. Diariamente, ela consumia pelo menos metade de um maço, que contém 20 unidades. “Foram 44 anos seguidos. Só parei quando tentei fazer uma cirurgia abdominal. O médico disse que não me operaria. O que mais me impactou, na verdade, foram os comentários que ele fez sobre minha pele e meus dentes, dizendo que foram afetados pelo cigarro”, conta.

Elizabeth procurou uma cardiologista para acompanhar o processo. Há cinco anos ela não coloca um cigarro na boca. “Não é fácil, tem dia que estou mais ansiosa ou nervosa e sinto muita vontade. Mas penso no esforço que foi para deixar de fazer isso e desisto”. Desde então, ela se sente mais disposta para praticar atividades físicas.

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Tratamento na rede pública

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento para quem quer parar de fumar em unidades básicas e hospitais de todo o país. Segundo o Ministério da Saúde, o processo envolve um acompanhamento com uma equipe multidisciplinar, formada por médicos, psicólogos e enfermeiros.

Além do apoio psicológico, se necessário, é feita a indicação de medicamentos, como a terapia de reposição de nicotina. Os locais e horários de atendimento podem ser encontrados nos postos de saúde dos municípios. O Disque Saúde, pelo telefone 136, também orienta pacientes a largar o vício.

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