(Flávio Tavares)
Após a polêmica entre Uber e taxistas, entra em funcionamento no Brasil um aplicativo similar, de transporte rodoviário de cargas, que conecta caminhoneiros autônomos e quem precisa enviar mercadorias.
A tecnologia chega pelas mãos de Oscar Salazar, que juntamente com os sócios Travis Kalanick e Garrett Camp fundou o Uber, companhia que em menos de seis anos se tornou uma das maiores do mundo.
O empresário aposta agora que o mercado brasileiro de cargas rodoviárias passará pela mesma transformação que o transporte individual de passageiros, motivo pelo qual se tornou investidor e diretor da CargoX (www.cargox.com.br), primeira transportadora do país impulsionada pela tecnologia.
Investimento
Segundo o CEO da CargoX, Federico Vega, a previsão é a de que o investimento atinja R$ 100 milhões nos primeiros dois anos de operação.
“Começamos o cadastro há um ano e hoje temos uma rede com 100 mil caminhoneiros cadastrados na rede. Todos passaram por um criterioso processo de triagem. Também pesquisamos o envolvimento em sinistros e acidentes. Além disso, o veículo não pode ter mais que 10 anos”, diz Vega.
Segundo ele, o sistema começou a operar em novembro do ano passado, mas em caráter experimental e apenas para clientes selecionados. Reprodução / N/A
Tecnologia conecta caminhoneiros autônomos e empresas que precisam enviar mercadorias
Largada
A largada oficial deu-se nesta semana, com a entrada em operação do “Uber de Caminhões” em todo o país, em tempo real. A promessa é a de proporcionar uma economia de até 30% no valor do frete.
“Hoje, um caminhão viaja de São Paulo para o Recife com as mercadorias. Chega lá, descarrega os produtos e, ou fica na cidade uns quatro dias procurando outra carga ou volta vazio. Isso é sinônimo de prejuízo. Com o aplicativo, as empresas passam a saber onde esse mesmo caminhão está, e a probabilidade dele voltar carregado aumenta significativamente”, afirma Vega.
Segundo o executivo, o aplicativo também irá ajudar na diminuição da ociosidade da frota autônoma do país, a partir do cruzamento das rotas dos clientes para otimizar os envios.
Para Vega, argentino que escolheu o Brasil como morada desde 2013, o momento econômico que o país atravessa também é uma oportunidade para a criação e prosperidade da companhia.
“As transportadoras estão sob a pressão da crise. Há 350 mil caminhões parados e inúmeras empresas precisando de ajuda para baixar os custos. Por isso entendemos que, assim como ocorreu com Uber de passageiros, podemos oferecer um serviço de melhor qualidade com menor preço. E quando o país se recuperar, nosso negócio estará ainda mais forte”, diz.
Sinal verde
Para o advogado Carlos Cateb, que participou da elaboração do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o “Uber dos caminhões” não deve enfrentar a mesma resistência sentida pelo serviço concorrente dos taxistas. “No caso do transporte de carga, não há licitação ou placa especial para rodar. São situações distintas”, avalia.