Ucrânia ordena prisão de Yanukovytch e pede ajuda financeira

Amélie Herenstein e Olga Nedbaeva - AFP
24/02/2014 às 12:21.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:14
 (Muykhylo Markiv)

(Muykhylo Markiv)

KIEV - A Ucrânia emitiu nesta segunda-feira (24) uma ordem de prisão contra o presidente destituído Viktor Yanukovytch por "assassinato em massa" de manifestantes, e pediu ao Ocidente uma ajuda financeira de 35 bilhões de dólares para evitar a falência.

Após a destituição no sábado de Yanukovytch, que permanece com o paradeiro desconhecido, o presidente do Parlamento e chefe de Estado interino, o pró-Ocidente Olexander Turchinov, tem até esta terça-feira para formar um governo. E também terá a missão de organizar a eleição presidencial de 25 de maio.

A questão da ajuda econômica, em um país à beira da asfixia, também é vital e será um dos temas abordados em reuniões em Kiev com a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton.

O ministro interino das Finanças, Yuri Kolobov, afirmou que o país precisa de 35 bilhões de dólares durante o período 2014-2015 e pediu ajuda aos países ocidentais.

"Nós pedimos a nossos sócios ocidentais a organização de uma grande conferência de doadores", disse.

As novas autoridades desejam uma grande conferência internacional com União Europeia, Estados Unidos, FMI e outras organizações internacionais.

A meta é obter os recursos necessários para a "modernização e as reformas na Ucrânia", disse o ministro.

A ajuda ocidental seria especialmente bem-vinda se a Rússia, irritada com as mudanças repentinas na Ucrânia, decidir suspender a ajuda de 15 bilhões de dólares prometida a Kiev em dezembro. Até o momento, Moscou liberou apenas três bilhões.

Turchinov advertiu no domingo que Kiev pode não pagar os 13 bilhões de dólares que deve reembolsar este ano se o Ocidente não cobrir a brecha aberta pela possível suspensão da ajuda russa.

Mas um ministro russo advertiu que se Kiev assinar com a UE o acordo de associação que Yanukovytch se negou a assinar em novembro, Moscou aumentará as taxas de importação de produtos procedentes da Ucrânia.

"O que falamos para a Ucrânia é: com certeza tem o direito de escolher seu caminho. Mas neste caso nos veremos na obrigação de aumentar as taxas de importação", declarou o ministro russo da Economia, Alexei Uliukaev.

Ele alegou que a Ucrânia poderia virar a porta de entrada de produtos europeus que depois inundariam o mercado russo.

Em uma reunião com autoridades políticas no Parlamento, Turchinov ressaltou mais uma vez o catastrófico estado das contas do país.

"O caixa está vazio, não temos dinheiro para reembolsar nossas dívidas", declarou.

"Desde sua independência, a Ucrânia não passou por tal catástrofe econômica e política", disse um dos líderes da ex-oposição agora no poder, Arseni Yatseniuk.

"Precisamos de ajuda financeira urgente dos nossos sócios europeus. Temos que retomar de imediato o programa de cooperação com o FMI", disse Yatseniuk.

Durante o fim de semana, o governo dos Estados Unidos e o Fundo Monetário Internacional anunciaram que estavam dispostos a ajudar economicamente a ex-república soviética, que enfrenta a pior crise desde a independência em 1991.

O ministro britânico das Finanças, George Osborne, afirmou que a União Europeia (UE) também está preparada para dar seu apoio.

A revolta na Ucrânia teve início em novembro, quando Yanukovytch decidiu repentinamente dar as costas a uma aproximação com a UE para privilegiar um acordo comercial com a Rússia.


Rússia questiona legitimidade

O primeiro-ministro russo, Dimitri Medvedev, questionou nesta segunda-feira a legitimidade das novas autoridades ucranianas e considerou "uma aberração" o reconhecimento por parte de muitos países do poder surgido de "uma rebelião armada".

"A legitimidade de toda uma série de órgãos (na Ucrânia) cria sérias dúvidas", afirmou, citado por agências russas. "Alguns de nossos sócios ocidentais não acham isso, mas é uma espécie de aberração chamar de legítimo o que, em essência, é o resultado de uma rebelião armada", acrescentou.

Na semana passada, os confrontos deixaram 82 mortos no país, 10 deles das forças de segurança.

O banho de sangue levou as novas autoridades de Kiev a abrir uma investigação criminal por "assassinato em massa de civis" contra Yanukovytch, anunciou o ministro interino do Interior, Arsen Avakov.

Avakov afirmou que Yanukovytch tentou fugir do país no sábado a partir da cidade de Donetsk. Desta localidade seguiu no domingo para a Crimeia (sul), com uma equipe de seguranças.

Desde então, disse o ministro, Yanukovytch e seu chefe de gabinete, Andriy Klyuev, "viajaram em três carros para um destino desconhecido.

Os moradores de Kiev permaneciam reunidos no centro da cidade, em altares improvisados, para honrar a memória dos mortos e para exigir a realização de eleições antecipadas.

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