O comando militar ucraniano e as milícias separatistas pró-russas se acusaram mutuamente nesta segunda-feira (16) de descumprimento do cessar-fogo, que entrou em vigor neste domingo. Ao menos cinco soldados ucranianos morreram e outros 22 ficaram feridos em combates com rebeldes nos arredores de Mariupol, última cidade de grande porte controlada por Kiev. "As formações armadas ilegais não cumprem os acordos", disse o porta-voz do comando das tropas ucranianas na zona de conflito, Anatoli Stelmaj, que denunciou que nas últimas 24 horas os separatistas lançaram 112 ataques contra as posições governamentais. Stelmaj destacou que só em Debaltsev, um importante entroncamento ferroviário a 15 quilômetros de Lugansk, os milicianos atacaram 88 vezes as posições ucranianas com todo tipo de armas. "O número de ataques aumentou em comparação com dias anteriores", acrescentou. O porta-voz indicou que segundo dados do serviço de inteligência militar os separatistas receberam ordens de tomar Debaltsev "a qualquer preço". Debaltsev é um dos pontos do acordo de Minsk, fechado na semana passada com mediação de países europeus, que ainda é alvo de discórdia. Os rebeldes dizem que a cidade faz parte de seu território, enquanto Kiev defende que o local permaneça sob seu controle. Armamento pesado Os rebeldes também acusaram a Kiev de descumprir o cessar-fogo: um dos líderes da autoproclamada república popular de Donetsk, Eduard Basurin, acusou os militares ucranianos de retomarem os bombardeios contra várias localidades. "Na últimas 24 horas constatamos 27 violações do cessar-fogo, que incluem bombardeios no arredores das cidades de Donetsk e Gorlovka", disse Basurin. Os dois lados também se negam a retirar os armamentos pesados da zona de conflito. O acordo de Minsk estabeleceu o prazo de 48 horas para que isso seja feito. "Como podem retirar as armas se os rebeldes nos atacam com tanques e disparos?", declarou o porta-voz ucraniano Vladislav Selezniov. No domingo, a presidência da França, que ajudou a mediar as negociações, classificou o cessar-fogo como "altamente satisfatório, apesar de incidentes locais que devem ser rapidamente solucionados". No conflito, já morreram mais de 5.300 pessoas. Antes do cessar-fogo, a média era de 19 mortos por dia.