Último filme da série 'Wolverine' com Hugh Jackman estreia nesta quinta-feira

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
24/02/2017 às 15:59.
Atualizado em 16/11/2021 às 00:42

Vale a pena citar a cena final de “Logan”, sem estragar qualquer surpresa. Último filme da série “Wolverine” com Hugh Jackman na pele do mutante com garras de adamantium, em seus derradeiros momentos uma cruz é voluntariamente mudada de posição por uma garota, fazendo dela um xis.

O xis é o símbolo dos mutantes, dos X-Men, como são chamados nos quadrinhos e em outras séries de filmes. Em praticamente todas as narrativas, eles são perseguidos pelos humanos por serem diferentes. Mas em “Logan” em particular, essa abordagem ganha uma leitura mais profunda.

O diferente pode ser muitas coisas refletidas de nossa realidade. É curioso observar, por exemplo, num momento em que o governo de Donald Trump começa a criar um muro na fronteira com o México, a nova geração de mutantes surge de mulheres mexicanas, em experiências de laboratório.

A história de “Logan” se passa num processo de fuga de uma fronteira à outra, do sul ao norte dos Estados Unidos. Na divisa de Dakota do Norte estaria o “éden” dos mutantes. Em nenhum instante se fala de maneira explícita que é preciso sair do país para serem felizes, mas é o que os motiva desde o início.

A cruz representaria o status quo, as regras socialmente aceitas. O movimento que a trama cria parte dessa ideia contestatória, com o “éden” se tornando uma espécie de quilombola – mais do que um lugar, a crença de que algo pode ser alterado. É a partir daí que se constrói o personagem de Jackman.

Velho Oeste
Encontramos Wolverine já velho, “envenenado” após várias tentativas do governo de controlá-lo, o que fez dele um ser desesperançoso, sempre carregando uma bala para se matar. Seu único interesse é cuidar do Professor Xavier, um nonagenário no ano de 2029, época em que se passa a história.

Não é por acaso que o primeiro cenário de “Logan” é o deserto, como se nos remetesse ao Velho Oeste, a um mundo sem regras. Logan nos remete aos pistoleiros de poucas palavras e desconfiados de tudo, que resolve ajudar, contra a sua vontade, um grupo que está molestado por autoridades maldosas.

Carros e motos surgem como cavalos motorizados. E há a questão da violência, mais forte do que em qualquer outro filme do “X-Men”. Wolverine fura com as garras as cabeças de vários inimigos. Em meio a esse caos, monta-se uma espécie de família não tradicional em sua forma.

Essa família nos lembra “O Exterminador do Futuro: Gênesis”, em que um androide ultrapassado tem a seu favor o amor quase filial a uma garota, sacrificando-se por ele. E a Bíblia que se deve seguir não é a cristã, mas sim um gibi, que aponta para o verdadeiro paraíso para quem está fora das convenções.

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