A prefeitura de Belo Horizonte está prevendo, a partir de hoje, mais de 1 milhão de foliões nas ruas. Se a previsão se confirmar, será o maior Carnaval da história da cidade. Até agora, apesar de muitas tentativas oficiais, essa festa não tem se destacado como um produto turístico na capital mineira. Em vez de atrair turistas do interior de Minas e de outros estados – ou até do exterior, como ocorre no Rio, em Salvador e Recife – Belo Horizonte tem-se esvaziado durante o Carnaval, com os moradores viajando em busca de diversão em outros lugares. É um hábito difícil de mudar. Nas últimas horas, aproximadamente 90 mil pessoas embarcaram em ônibus e o tráfego de automóveis nas rodovias federais que cortam Minas se intensificou. Pelos cálculos da Polícia Rodoviária Federal (PRF), 800 mil veículos vão trafegar ali durante o Carnaval. É impossível saber quantos estarão se dirigindo para a capital. Se Belo Horizonte conseguir reter um número considerável dos moradores com sua extensa programação de Carnaval, já terá feito muito. Terá evitado um acréscimo no número de acidentes em estradas precárias. Pelo menos 113 trechos de rodovias apresentam restrições ao tráfego, por causa de empecilhos diversos nas pistas. Prevendo problemas maiores do que os verificados no último Carnaval, a Polícia Rodoviária Estadual aumentou seu efetivo em 25%. Os cuidados são necessários, para reduzir os riscos de aumento da carnificina nas rodovias nesta época do ano, que deveria ser festiva. No ano passado, só nas rodovias federais localizadas em Minas, 29 pessoas morreram. Neste ano, a PRF, que iniciou ontem a Operação Carnaval, destacou para Minas 900 patrulheiros, incluindo 90 vindos de outros estados. As rodovias federais mineiras são as que mais matam no país, em qualquer época do ano, mas no Carnaval tem sido pior. Desde o ano 2000, existe uma lei que instituiu oficialmente o Carnaval de Belo Horizonte. A prefeitura é a responsável pelo evento. Não se pode dizer que ela tenha tido grande êxito nesses anos todos, embora existam indícios de que mais moradores passaram a se interessar pela festa na cidade nos últimos cinco anos. É um engano achar que os mineiros da capital não gostem de Carnaval. Fosse assim, como explicar o sucesso da Banda Mole, que há 39 anos arrasta milhares de foliões pelas ruas do Centro, e dos blocos caricatos que surgem espontaneamente em cada bairro e que já fazem parte da programação oficial? O mais fraco no Carnaval de Belo Horizonte – e que de certa forma o estigmatizou – são as escolas de samba. Ao contrário do Rio e São Paulo, aqui elas nunca conseguiram um patrocínio forte – e talvez tenha sido melhor assim, pois dá oportunidade a Belo Horizonte de ter um Carnaval diferente. E, quem sabe, até mais animado para os foliões.