A oposição ao governo Dilma Rousseff tentará intensificar e prolongar ao máximo, se possível até outubro, a repercussão negativa da compra, pela Petrobras, de uma refinaria de petróleo no Texas. O assunto não é novo, mas ganhou grande atualidade em ano eleitoral. O negócio foi fechado quando Dilma era ministra das Minas e Energia, no governo Lula, e presidente do Conselho de Administração da maior estatal brasileira. Em novembro de 2005, quando a Petrobras assinou o Memorando de Entendimento com a Astra Oil Company com o objetivo de estabelecer uma operação conjunta de comercialização e refino nos EUA, parecia um bom negócio. Na imprensa, não se leu críticas a esse avanço da Petrobras no maior mercado de petróleo do mundo nem ao preço pago por 50% das ações de uma velha refinaria de petróleo localizada em Pasadena. Muito menos, ressalvas à sociedade com a Astra, uma empresa fundada em 1981, com sede na Califórnia. Porém, pouco depois as previsões de lucro dos sócios se mostraram ilusórias. A Astra pulou fora de um negócio que se mostrou desastroso para a Petrobras e, agora, possivelmente para a presidente Dilma e os outros membros do Conselho de Administração que autorizaram a compra sem conhecer uma cláusula do contrato. Em consequência, disparou o preço do negócio. O pagamento da Petrobras não se limitou aos US$ 360 milhões pagos em setembro de 2006 por 50% das ações da refinaria, incluindo US$ 170 milhões pelos estoques de combustíveis. A justiça dos Estados Unidos obrigou a empresa a comprar os restantes 50% em poder da Astra. Pode chegar a US$ 1 bilhão o prejuízo da Petrobras. Seria mais simples se a estatal e o governo, acionista controlador, pudessem admitir, numa boa, que fizeram um mau negócio de um bilhão de dólares. Mas, e o estrago que isso causaria à imagem de “gerentona” da presidente Dilma? Pior ainda, à imagem de ser a Petrobras uma empresa de grande competência técnica e bem administrada? Destruída essa última imagem, será certamente mais difícil prosseguir defendendo que a Petrobras continue operando, de forma hegemônica, os campos do pré-sal, e detendo no mínimo 30% dos consórcios com permissão para explorá-los. Ficará mais forte o lobby das concorrentes mundiais para pôr fim ao privilégio da Petrobras. Antes mesmo desse episódio de Pasadena, que não é recente, a estatal já vinha enfrentando fogo cerrado por causa das perdas de seu valor de mercado nas bolsas. É esperar para ver em que resultarão as investigações que serão feitas pela Polícia Federal, Ministério Público, Tribunal de Contas da União e por uma comissão externa da Câmara dos Deputados. E até mesmo por uma CPI, cuja criação foi defendida, há dois dias, da tribuna do Senado. Por ninguém menos que Aécio Neves, forte concorrente de Dilma nas eleições.