O notável crescimento do agronegócio no Brasil, que já responde por 25% do Produto Interno Bruto (PIB), como mostrou nesta semana o Hoje em Dia, não foi ainda suficiente para desconcentrar a economia brasileira. Quase um quarto da riqueza gerada no Brasil em 2011, revelou, na terça-feira (18), o IBGE, se localiza em apenas seis municípios.
Entre eles, Belo Horizonte, que está em quinto lugar, com 1,3% do PIB brasileiro.
O ranking é liderado pela capital paulista, com 11,5% do PIB, seguido do Rio, com 5,1%, e Brasília, com 4%. Curitiba está à frente de Belo Horizonte, com 1,4%, e Manaus vem logo atrás, com 1%.
Para confirmar como é desigual a geração de riqueza no Brasil, o país tem 5.565 municípios e apenas 1% deles gera quase metade do PIB brasileiro, que em 2011 totalizou R$ 4,143 trilhões, em valores correntes.
Apesar de situar-se entre as cinco cidades com maior renda, Belo Horizonte não está tão bem quando se calcula a renda média dos moradores – o PIB per capita. Nesse ranking, ocupa o 9º lugar entre as capitais, com R$ 23 mil por ano. Pouco acima do PIB per capita do Brasil em 2011, de R$ 21,5 mil.
Além da capital, o único município mineiro na lista dos que geraram mais de 0,5% do PIB, naquele ano, foi Betim. Que também se destacou por ter registrado, em relação a 2010, a segunda maior perda do PIB industrial, de 0,1 ponto percentual. A primeira foi São Paulo, que perdeu 0,3 ponto percentual, mas que se manteve como o principal polo industrial do país, com participação de 7,9% no valor adicionado bruto da indústria brasileira. A perda de Betim foi atribuída pelo IBGE ao mau desempenho dos segmentos de produção de autopeças e de refino de petróleo.
Quando se verifica que o Estado de São Paulo tem nove municípios na lista dos 25 com maior PIB do Brasil, fica evidente a grande concentração de renda no país. No passado, Minas esteve em situação mais equilibrada, em relação ao vizinho, tanto econômica como politicamente. Depende dos mineiros voltar a equilibrar essa balança. Vai exigir muito esforço e trabalho, mas não é impossível.
Que tal começar por se tornar menos dependente da mineração para crescer? Não é animadora a notícia divulgada na terça-feira (18), de que o Estado assinou, entre janeiro e novembro deste ano, 88 protocolos de intenção de investimentos, entre o setor privado e o governo estadual, totalizando R$ 18,8 bilhões. O número talvez fosse bom, se R$ 12,117 bilhões não viessem do setor de mineração, que pouca riqueza efetiva tem criado para Minas.
Enquanto o Brasil não tiver um novo marco regulatório do setor, com regras mais justas, ficará sempre a impressão de que as mineradoras estão se apressando em extrair a riqueza de nosso solo antes que o governo entenda que este não é, para ambos os lados, um negócio do tipo ganha-ganha.