A União Europeia e a Turquia chegaram a um acordo sobre como conter o fluxo de imigrantes para o continente, segundo informou neste domingo o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk. "Nosso principal objetivo é conter o fluxo de imigrantes para a Europa. Após muitas semanas de trabalho duro, nós chegamos a um acordo que eu espero que seja aceito por todas as partes envolvidas", comentou ao chegar para um reunião de cúpula em Bruxelas.
Tusk disse esperar que a reunião deste domingo reforce os laços entre a Europa e a Turquia, que ele classificou como um "parceiro essencial" do bloco. Um dos principais pontos do acordo é que as autoridades turcas reforcem seus controles de fronteira, em troca de um pacote de quase 3 bilhões de euros da UE, em dinheiro e outros benefícios. Entre esses benefícios está uma aceleração no processo de adesão da Turquia ao bloco e a volta das negociações para que os turcos não precisem mais de visto para entrar na Europa.
A UE vem pressionando a Turquia para melhorar os controles na sua fronteira marítima com a Grécia, que é uma das principais rotas de entrada dos imigrantes na Europa. Apesar de Tusk ter anunciado o acordo, ainda existem dúvidas de ambas as partes e a ausência do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, no encontro deste domingo é um sinal de que nem tudo está acertado. Outro ponto problemático é a postura do Chipre, que faz parte da UE e tem uma divergência histórica com a Turquia.
A Europa lida este ano com o maior fluxo de imigrantes desde a Segunda Guerra Mundial. Mais de 700 mil refugiados, boa parte da Síria, chegaram ao bloco via Turquia, segundo dados da Organização Internacional de Migração.
Sob os termos do acordo fechado neste domingo, a Turquia vai intensificar as patrulhas no Mar Egeu e também nas fronteiras terrestres com a Grécia e a Bulgária. Além disso, as autoridades turcas devem reforçar o combate a gangues de tráfico humano e o país concordou em aceitar de volta refugiados que tiverem os pedidos de asilo negados na Europa.
Apesar de o assunto principal da reunião de cúpula deste domingo ser o fluxo de imigrantes, outros tópicos correlatos devem entrar na discussão, especialmente após a Turquia ter abatido um avião russo que promovia ataques aéreos na vizinha Síria. O primeiro-ministro da Turquia, Ahmet Davutoglu, disse antes de embarcar para Bruxelas que a Rússia e o Irã estão apoiando o ditador sírio, Bashar al-Assad, com a desculpa de combater o Estado Islâmico. "Esse assunto é de interesse direto da Turquia no contexto da crise dos refugiados, que é o principal ponto da cúpula UE-Turquia", comentou. Fonte: Dow Jones Newswires.
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