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Vacinação, amamentação e acesso à saúde poderiam evitar duas a cada três mortes de bebês

Da Redação
portal@hojeemdia.com.br
03/05/2022 às 14:24.
Atualizado em 03/05/2022 às 14:46
Imunizante é indicado para a prevenção da doença do trato respiratório inferior em crianças desde o nascimento (Freepik / Divulgação)

Imunizante é indicado para a prevenção da doença do trato respiratório inferior em crianças desde o nascimento (Freepik / Divulgação)

Duas a cada três mortes de bebês de até 1 ano poderiam ser evitadas no Brasil com ações como vacinação, amamentação e acesso à atenção básica de saúde. Os dados são do Observatório de Saúde na Infância - Observa Infância, que reúne pesquisadores da Fiocruz e do Centro Universitário Arthur de Sá Earp Neto (Unifase), com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação Bill e Melinda Gates.

De acordo com o observatório, o país registra, nessa faixa etária, mais de 20 mil óbitos anuais por causas evitáveis, como diarreia e pneumonia. O risco à saúde das crianças aumenta com a queda da cobertura vacinal.

Para o levantamento, Observa Infância utiliza cruzamento de bases de dados próprias e sistemas de informação nacionais. “Nosso trabalho é perguntar a essas bases aquilo que a sociedade não pode ignorar: o que mata as nossas crianças? O que podemos fazer para evitar essas mortes?”, conta Patricia Boccolini, pesquisadora do Observa Infância.

Desigualdade

Patricia investiga os fatores que podem gerar impacto na cobertura vacinal. “O que percebemos é que existe muita desigualdade em relação à cobertura vacinal. E essa desigualdade está relacionada, principalmente, com o acesso à atenção básica. Onde a atenção básica não chega, a queda da cobertura vacinal é mais acentuada”, observa a pesquisadora.

“Mais da metade dos bebês mortos por ano poderiam ter sido salvos por um pré-natal adequado e uma boa atenção das gestantes no pós parto”, complementa Cristiano Boccolini, também pesquisador do Observa Infância. Ele destaca que o aleitamento materno tem relação direta com a prevenção de grande parte dos óbitos infantis e que é necessário fortalecer políticas públicas para promover a amamentação na primeira hora de vida e o aleitamento exclusivo nos seis primeiros meses.

“Um desafio nesse sentido é a regulação do marketing de produtos que concorrem com o aleitamento materno, como fórmulas artificiais, chupetas e mamadeiras. Em alguns países, 8 em cada 10 mulheres que viram conteúdo promocional desses produtos tiveram acesso a essas publicidades na internet”, alerta Cristiano, que destaca que o alcance dessas publicações é três vezes maior que o de posts informativos sobre amamentação.

“Esse tipo de marketing escapa da regulação, porque não trabalha exatamente com anúncios. São influenciadores digitais, grupos de mães e bebês, promoções personalizadas. Por isso, precisamos de novas formas de regulação e monitoramento do marketing de produtos que concorrem com o aleitamento materno”, aponta Cristiano.

Diarreia e pneumonia

Entre 2018 e 2020, o Rio de Janeiro foi o município brasileiro com maior número absoluto de óbitos por diarreia entre bebês de até 1 ano. 
Cidades com maior número absoluto de mortes de crianças de até 1 ano por diarréia: Rio de Janeiro, Belém, Manaus, São Paulo, Fortaleza, Salvador, Duque de Caxias, São Luís, Campinápolis, Cuiabá, 
Cidades com maior número absoluto de mortes de crianças de até 1 ano por pneumonia: São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus, Fortaleza, Belém, Duque de Caxias, Macapá, Salvador, Teresina, São Luís

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