O Vaticano reconheceu nesta terça-feira que existem diferenças internas em seu organismo de supervisão financeira, cujo presidente renunciou recentemente. O jornal Il Messagero citou hoje uma carta de 16 de janeiro na qual o quadro de diretores da Autoridade de Informação Financeira reclamou ao secretário de Estado do Vaticano que não foi informado sobre as investigações de transações financeiras suspeitas.
Segundo a carta, os diretores não foram informados das investigações desde a nomeação do suíço Rene Bruelhart como diretor-geral do organismo. Bruelhart é um reconhecido especialista em solucionar casos de lavagem de dinheiro. Duas semanas após a carta, o papa Francisco aceitou a renúncia do então presidente da agência, o cardeal Attilio Nicora.
A Autoridade de Informação Financeira foi criada em 2010 para supervisionar, regular e investigar as atividades financeiras da Santa Sé, de modo a garantir o cumprimento das normas internacionais.
Bruelhart, que chefiou a unidade de inteligência financeira de Liechtenstein, foi convidado ao Vaticano em 2012. O suíço se juntou a um quadro de diretores dominado por italianos com relações próximas às instituições financeiras.
O estatuto do organismo prevê que o quadro de diretores e o presidente têm somente autoridade de supervisão, enquanto os assuntos operacionais são de responsabilidade do diretor-geral. Mesmo assim, o quadro de diretores reclamou que não foi capaz de realizar seu trabalho porque foi "mantido no escuro sobre quase todas as atividades" relacionadas a transações suspeitas.
Questionado sobre a carta, o porta-voz do Vaticano Federico Lombardi reconheceu que houve diferenças de opiniões na agência. "Eu ficaria surpreso se não houvesse discussões ou diferenças de visões ou de interpretações", afirmou.
Nesta terça-feira, o papa e um grupo de oito conselheiros ouviram recomendações de uma comissão de inquérito sobre a reforma do banco do Vaticano. O banco já foi centro de alguns escândalos, sendo o mais recente a prisão de um contador, detido sob a suspeita de utilizar a conta bancária do Vaticano para lavar dinheiro. Fonte: Associated Press.
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