PECA NA ETIQUETA

Testamos o Renault Kwid Outsider, que é bem equipado, mas cobra caro

Renault Kwid Iconic tem os conteúdos necessários para um carro urbano atual, mas o preço beira rivais com mais espaço interno

Marcelo Jabulas
@mjabulas
Publicado em 04/10/2025 às 17:10.
 (Foto: Marcelo Jabulas)

(Foto: Marcelo Jabulas)

No mercado imobiliário o valor de um imóvel é regulado pelo custo do metro quadrado. O valor do pedacinho de chão é determinado por diferentes fatores como região, qualidade do acabamento da construção e por aí vai.

Já no mercado de automóveis o tamanho do carro está diretamente relacionado com o preço. Claro que há modelos compactos caríssimos, que levam o lastro de suas marcas, assim como componentes sofisticados e de alta performance. Mas no varejo generalista, o tamanho do carro conta na hora de pagar.

O Fiat 500 era assim, miudinho, simpático e muito sofisticado. Vendeu pouco porque era pequeno e caro. Afinal, para a maioria dos consumidores a compra de um carro tem um apelo racional maior que o emocional. Na verdade, a emoção está na possibilidade de ter um carro, sendo assim, que seja satisfatório.

O Renault Kwid vive esse dilema. O pequenino francês chegou a ser vendido como o “SUV dos compactos”. Muita gente achou que levaria para casa um mini Duster. Ledo engano.

O Kwid é diminuto, apertadinho, mas é esperto. Um carrinho com motorzinho de 71 cv e 10 kgfm de torque que é mais que suficiente para seus 820 kg. A versão topo de linha entrega mimos como direção elétrica, quadro de instrumentos digital (pero no mucho), multimídia com Android Auto e Apple CarPlay, assim como ar-condicionado e vidros elétricos. Tem rodinha de liga leve e teto bicolor. Uma gracinha.

No trânsito urbano é uma beleza. Miudinho, ele se espreme no engarrafamento. Seu motorzinho enche rápido e o carrinho vai embora. Com lotação máxima ele sofre. E não seria para menos. 

E falando em lotação máxima, o Kwid foi homologado para cinco ocupantes, mas o recomendável é viajar apenas quatro. Três adultos na segunda fileira é uma tortura: falo porque já fiz o teste e não recomendo.

Mas, no geral, como proposta de automóvel urbano, ele resolve muito bem. Inclusive, já me aventurei em estradas com o Kwid. A faixa da direita é seu lugar, não dá para arriscar ultrapassagens ou encarar os demais veículos da pista. Mas se precisar, ele vai embora.

O problema é o preço de R$ 85 mil. Por esse valor, o consumidor fica tentado a esticar o financiamento em 10% e levar para casa modelos maiores como Fiat Argo 1.0, VW Polo Track ou Citroën C3 Feel. Eles oferecem mais espaço de bagagem e para os ocupantes. 

Podem não ter todos os conteúdos que o francesinho entrega, mas o trivial: vidro elétrico, ar-condicionado e direção assistida todos entregam. Multimídia pode ser adicionado posteriormente, assim como rodas de liga e faróis de neblina. Já esticar a lata não tem jeito.

Dizer que o Kwid deveria custar 10, 15, 20, 30% menos seria leviano. Afinal, fazer carro no Brasil não é barato, pois exige componentes de segurança (muitos importados), tem a cotação do dólar, o frete, o ladrão de cegonheira, o imposto, e mais um monte de outros argumentos que tentam justificar o preço de um carro.

Mas o fato é que os insumos básicos para fazer um Kwid um carro um pouco maior são praticamente os mesmos. E nessa hora, o tamanho pesa na balança.

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