LEGÍTIMO SUCESSOR

Testamos o Tera High, versão topo de linha do SUV da VW

VW quer que Tera repita o desempenho do Gol e do Fusca, e as vendas mostram que ele tem potencial para chegar lá

Marcelo Jabulas
@mjabulas
25/10/2025 às 10:26.
Atualizado em 25/10/2025 às 10:43
 (Marcelo Jabulas)

(Marcelo Jabulas)

A Volkswagen é um tanto lenta em suas manobras industriais. Mas quando resolve se mexer, passa por cima de tudo. Desde o fim da produção do Gol (G4) e da Kombi no apagar de 2013, a VW parecia que tinha ficado sem razão para continuar.

Ela se reinventou com o Polo e o Virtus, mas estava atrasada com uma resposta ao segmento B-SUV (compactos), em que Jeep Renegade e Honda HR-V nadavam de braçada. Até a Peugeot tinha seu representante.

A migração começou em 2019 com o T-Cross, em seguida vieram o Nivus e o Taos. Mas ainda faltava um concorrente na base do mercado, que já tinha Pulse e Kardian aprontando suas estripulias.

O Tera foi a resposta para colocar a Volks em todos os flancos do mercado de utilitários. O modelo chegou na virada do semestre com estilo arrojado e com direito a inteligência artificial (Otto) embarcada.

Bonitão, o modelo foi apontado pela VW como o sucessor direto de Fusca e Gol. Ela até “tatuou” a linhagem no para-brisas traseiro. Ou seja, é um carro para vender mais de milhão de unidades. O Fusca vendeu 3,5 milhões e o Gol superou os 8 milhões. 

Recentemente, durante a apresentação do Taos atualizado, o presidente da VW, Ciro Possobom, comemorou que a produção do modelo, na planta de Taubaté (SP), chegou em sua plenitude.</CS> 

E o mercado absorveu bem a novidade. Em setembro, o Tera foi o sexto modelo mais emplacado, com 7.610 unidades registradas. Somado com os números de junho, julho e agosto, já são 17,7 mil licenciamentos. Ele vendeu mais que o Kardian e o Basalt e está cerca de 15 mil unidades atrás do Pulse. 

Mas o que é que o Tera tem para ter estreado tão forte? Conferimos a versão topo de linha High, com pacote Outfit. O preço base da versão é de 141.890, mas com o pacote de acabamento e pintura em dois tons, o valor pula para R$ 145.970. Não é barato, mas está bem próximo das versões abastadas de seus rivais.

O Tera agrada aos olhos, tem estilo musculoso, graças às curvas dos para-lamas e a linha de cintura elevada. Ele tem cara de malvado. Por dentro, tenta apagar a pecha de carro pobre, como era de praxe nos VW. 

O plástico duro predomina, mas tem apliques em couro que valorizam e afagam o motorista. A versão ainda oferece couro nos bancos e no volante. 

Pacote ADAS completo, assim como quadro de instrumentos digital, combinado com multimídia VW Play flutuante (agora habilitado para a inteligência artificial Otto), climatização digital e partida sem chave são bons argumentos para se gastar quase R$ 150 mil em um automóvel. Ele ainda oferece seis airbags, que reforçam o quesito segurança.

Ao volante, o motorista tem a sensação de estar em um legítimo VW. O carro é firme, com ótima posição de dirigir. Não é tão duro como sua linhagem passada. A suspensão tem bom acerto, que privilegia o comportamento dinâmico, mas sem castigar os ocupantes.

O espaço interno é mais que satisfatório para quatro ocupantes, o quinto vai apertado. O porta-malas é bom, com 350 litros. É mais volumoso que o Polo Track, modelo que serviu de base para seu desenvolvimento.

Já o motor 170 TSI é o mesmo que atualmente equipa o Polo. É uma versão mais comedida do bloco 1.0 três cilindros turbo que equipa boa parte da gama da marca por aqui. Seus 116 cv e 17 kgfm de torque estão longe de ser os mais vigorosos do segmento. Pulse e Basalt entregam 130 cv e o Kardian despeja 125 cv. 

Além disso, seus concorrentes oferecem mais torque: 20,4 kgfm para a dupla da Stellantis e 22,4 kgfm para o Renault. E se não bastasse, o italiano conta com sistema híbrido leve 12V para reduzir consumo.

Mesmo assim, o VW não se esmorece. O casamento do motor com a conhecida caixa automática de seis marchas garante ótimo comportamento. O gerenciamento eletrônico evita que o motor entre naquela insuportável faixa de baixa pressão do turbo, abaixo dos 1.200 rpm, que deixa o carro asmático. O Tera ficou bem acertado. 

Assim, o VW Tera se mostra um carro interessante para quem faz questão do visual SUV na garagem, mesmo que seja um modelo derivado diretamente de um hatch compacto. Mas vale lembrar que seus rivais fizeram o mesmo caminho.

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