(Jaguar/Divulgação)
Provas de longa duração sempre tiveram muita atenção dos fabricantes europeus, principalmente no pós-guerra. Afinal, era o laboratório perfeito para testar ao extremo seus protótipos, projetos de engenharia e também provar para o público que seus produtos suportavam as condições mais severas. E não havia melhor palco que o Circuit de la Sarthe, onde é disputada as 24 Horas de Le Mans. Naquela época. Entre 1949 (quando a prova voltou a ser disputada) e 1965 Ferrari e Jaguar dominaram o circuito, sendo que os italianos somavam oito vitórias e os ingleses cinco. As outras três ficaram com Mercedes-Benz, Aston Martin e Talbot-Lago.
Em 1965, depois de assistir a Ferrari levantar o troféu pela sexta vez consecutiva, a diretoria da Jaguar deu o ultimato para o time desenvolvimento apresentar um carro com motor V12 para as 24 Horas de Le Mans capaz de resgatar as glórias do tricampeão D-Type (1955 a 1957).
Aviação
Para a empreitada a Jaguar chamou o designer aeronáutico Malcolm Sayer, que já tinha projetado o D-Type. O XJ13 era um projeto audacioso, pois a Jaguar nunca tinha construído um V12, muito menos montado sobre o eixo traseiro. Mas ordens eram ordens e a equipe de engenharia uniu dois blocos do conhecido seis cilindros em linha e chegou a uma unidade V12 5.0 em alumínio, conectado a uma caixa ZF de cinco marchas.
Com linhas fluidas e arredondadas, o XJ13 parecia grudado ao chão. O cockpit baixo envolto pelo para-brisa era a conta abrigar o piloto, sendo que parte do capacete ficava para fora. Logo atrás do habitáculo foi posicionado o motor. A ideia era concentrar o peso entre os eixos, tal como a Ferrari 250 P. Os únicos itens que ultrapassavam o entre-eixos era parte da transmissão e o radiador.
O resultado era um comportamento dinâmico espetacular, mas extremamente difícil de ser conduzido. O XJ13 teria sido um grande vencedor, mas a fusão da Jaguar com a British Motor Corporation (BMC), grupo que já agregava fabricantes ingleses como Morris, Austin e MG, colocou o projeto em segundo plano. No entanto, parte de suas soluções de engenharia seria utilizada na construção do clássico E-Type em 1968.
A tragédia
Em 1971, quando a Jaguar se preparava para lançar a versão V12 do E-Type, a equipe de publicidade solicitou uma tomada de vídeo do esportivo junto ao XJ13. Reza a lenda que o piloto de testes não respeitou as determinações da diretoria e forçou demais o carro.
O resultado foi um acidente que quase destruiu o XJ13 por completo. O carro foi adquirido por uma empresa que se responsabilizou em recupera-lo e o revelou em 1973, mas a própria Jaguar nunca o reconheceu como o XJ13 original. Atualmente o modelo faz parte do acervo da marca, no Heritage Centre, em Gaydon e em situações especiais participa de eventos como o Festival de Velocidade de Goodwood.
Réplicas
O XJ13 teve uma única unidade produzida, que quase se desmanchou. A intenção de colocá-lo nas pistas nunca saiu do papel e muito menos nas ruas. No entanto, alguns encarroçadores se dedicaram a produzir réplicas. E certamente, se o amigo se deparar com um carro como o da foto acima, se não for no museu da Jaguar, é uma réplica.
Outra maneira de conhecer o XJ13 de perto é no game “Gran Turismo 5”, em que o Jag é um dos modelos mais caros do portfólio de mais de 1.200 carros.
Ou seja, é raro até no videogame!