SÃO PAULO - A aposentada Maria Algoneiro, 73, saiu do seu apartamento no Copan para passear com a poodle por volta do meio-dia. "O dia estava tão ensolarado!" Mas, cinco minutos depois, estava de volta à quitinete de 40 e poucos metros quadrados.
"Assim que pus o pé para fora, vi que estavam caindo pedrinhas do céu. Pensei que estivesse chovendo granizo." Eram na verdade pedaços da fachada do Copan que haviam se descolado do prédio com os fortes ventos e caíram na rua Unai hoje.
Outros moradores se juntaram na Unai, conhecida como "rua particular" por ser restrita a carros, para ver o que se passava. A via ficou coberta de marcas brancas e com pastilhas que iam até a avenida Ipiranga, a mais de 20 metros da parede danificada. A fachada do prédio ficou com "banguelas" que mostravam o reboco nos lugares de onde as pastilhas se descolaram.
"Faz tempo que está acontecendo isso. Mas geralmente cai uma pastilinha ou outra. Hoje, caíram uns toletes que pareciam tijolo. Isso mata um", comentava o engenheiro Antônio Carlos Matão. Funcionários do edifício disseram que não podem comentar o episódio, e a administração predial não funciona aos domingos.
Restauro
Projetado na década de 1950 por Oscar Niemeyer, o Copan tem um plano orçado em R$ 23 milhões para a troca das pastilhas que adornam 46 mil metros quadrados do prédio, mas que estão descolando e colocando pedestres em risco.
"Como tem faltado mão de obra, o trabalho vai ser lento. Acredito que serão necessários dois meses para colocar a tela", disse o síndico, Affonso Celso Prazeres Oliveira, à reportagem em janeiro.