Viagem para o Espírito Santo nos trens da Vale

Hoje em Doa
15/01/2014 às 06:30.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:21

A Vale é proprietária atualmente da única ferrovia brasileira, a Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM), a oferecer trens diários de passageiros em longas distâncias. Como se informou na terça-feira (14), a empresa investiu cerca de R$ 188 milhões para melhorar esse serviço, tendo comprado 56 novos vagões fabricados na Romênia, com padrões europeus de qualidade. Ainda neste trimestre, eles estarão transportando pessoas entre Belo Horizonte e Vitória.

O transporte de passageiros, abandonado por praticamente todas as outras ferrovias privatizadas na década de 1990, época em que a própria Vale foi posta à venda pelo governo federal, é uma tradição da EFVM.

A ferrovia, construída por investidores britânicos e inaugurada há 110 anos, foi incorporada pela Companhia Vale do Rio Doce quando a estatal surgiu na década de 1940. Ao longo de seu trajeto de 905 quilômetros, atravessando 42 municípios mineiros e capixabas, nasceram cidades importantes, como Ipatinga e Governador Valadares, e vastas regiões se desenvolveram.

É importante que a Vale esteja disposta a manter e melhorar esse serviço, embora ele seja praticamente irrelevante, em termos de faturamento dessa ferrovia. No último balanço semestral publicado, referente a 30 de junho do ano passado, a receita no semestre foi de menos de R$ 17 milhões com o transporte de 446 mil passageiros, enquanto a receita operacional líquida da EFVM somava R$ 739 milhões.

Além de passageiros, a ferrovia transportou naqueles seis meses mais de 74 milhões de toneladas de produtos. O minério de ferro produzido pela Vale e por outras mineradoras responde pela maior parte desse transporte, que inclui também aço fabricado pela Usiminas em Ipatinga, carvão, veículos e combustíveis, entre outros produtos.

Ou seja, algo bem diferente do mineroduto que vai ligar uma mina de minério de ferro em Conceição do Mato Dentro ao Porto do Açu, no Rio de Janeiro, que está sendo construído por uma empresa do grupo Anglo American, para levar do território mineiro o minério – e a água doce usada no transporte por mineroduto – sem proporcionar qualquer progresso econômico e social ao longo de seu trajeto de 525 quilômetros.

Com menos do dobro desse comprimento, a EFVM transporta 37% de toda a carga ferroviária nacional, apesar de representar pouco mais de 3% da malha existente atualmente no país. Esse fato ressalta o caráter social da iniciativa da Vale de dar importância ao transporte de passageiros e não apenas ao de produtos, apesar da relevância destes na atividade da empresa.

E a comparação entre uma ferrovia e um mineroduto precisa ser feita pelas autoridades mineiras toda vez que forem chamadas a aprovar um projeto como esse de Conceição do Mato Dentro.

Até na África exploradores de minérios construíram ferrovias, por que não aqui?  

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