(Reprodução/Facebook)
Apesar de sofrer de transtornos mentais, segundo informações da Polícia Civil, o vigia Damião Soares dos Santos, responsável pelo incêncio à creche "Gente Inocente" em Janaúba, no Norte de Minas, não fazia tratamento psiquiátrico.
Em uma nota de esclarecimento, a prefeitura da cidade afirmou que não há resgistro de atendimento ao vigia nos dispositivos da rede de saúde mental. "O senhor Damião Soares dos Santos nunca solicitou e utilizou dos serviços de saúde mental prestados pelo município, bem como do Centro de Atenção Piscossocial (CAPS II)", diz o comunicado.
De acordo com informações da Polícia Civil de Montes Claros, o autor do incêndio já havia demonstrado em outras ocasições que sofria transtornos mentais. Em 2014, ele havia denunciado a mãe por supostamente envenenar sua comida. Posteriormente, ele disse também que ela teria assassinado o pai com veneno.
Parentes do vigia também relataram que ele repetiu ao longo da semana que daria um presente a família e morreria.
Veja a nota completa divulgada pela Prefeitura Municipal de Janaúba:
PREFEITURA MUNICIPAL DE JANAÚBASECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDECOORDENAÇÃO MUNICIPAL DE SAÚDE MENTAL
Nota de Esclarecimento acerca da tragédia de Janaúba
Janaúba, 07 de outubro de 2017.
Prestamos nossos sentimentos e solidariedade às famílias das vítimas do incêndio ocorrido na Creche “Gente Inocente”. Após a tragédia, diversas informações foram veiculadas, sendo necessários alguns esclarecimentos.
Diante do acontecimento que assolou a população de Janaúba – MG, a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), junto com a Secretaria de Saúde do município, vem a público esclarecer que não há registro de atendimento do senhor Damião Soares dos Santos nos diversos dispositivos da rede de saúde mental. O senhor Damião Soares dos Santos nunca solicitou e utilizou dos serviços de saúde mental prestados pelo município, bem como do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS II).
Em resposta ao infortúnio, os trabalhadores da saúde mental encontram-se todos mobilizados no acolhimento e suporte aos familiares e à população afetada pela tragédia. Subsequente à data do evento, quando as equipes da atenção psicossocial prestaram o atendimento emergencial às vítimas e familiares, no momento estão acontecendo ações de apoio à comunidade. Em Janaúba, está sendo disponibilizada a assistência médica, psicológica e social à população nos diversos pontos da rede de saúde municipal. Além disso, as equipes da Estratégia de Saúde da Família de referência à comunidade envolvida estão orientadas na utilização dos dispositivos da RAPS, conforme necessidade. Iniciaram-se as estratégias de acompanhamento continuado aos familiares e demais envolvidos, assegurando o respeito ao período de luto. Prevêem-se, ainda, ações comunitárias de promoção à saúde de caráter preventivo e longitudinal à população implicada. Finalmente, a formalização da cobertura permanente do apoio matricial às equipes das Estratégias de Saúde da Família em todo o município, garantindo maior acesso e efetividade do tratamento para as pessoas portadoras de sofrimento mental e outras demandas psicossociais.
Atualmente, a Rede de Atenção Psicossocial de Janaúba é referência para o Estado, contando com diversos dispositivos voltados ao tratamento das pessoas com transtornos mentais ou relacionadas ao uso prejudicial de álcool, crack e outras drogas. Janaúba conta com: Núcleos de Apoio à Saúde da Família; Consultório na Rua; Atenção Psicossocial Especializada (CAPS II, CAPS AD III e CAPSi); Atenção de Urgência e Emergência (SAMU e Bombeiros); Unidade de Acolhimento infanto-juvenil; Atenção Hospitalar (pronto atendimento e leitos de referência às pessoas com sofrimento mental); Atenção Intersetorial; e projetos de reabilitação psicossocial.
Neste momento de profundo sofrimento, dedicamos ao cuidado daqueles que foram afetados direta ou indiretamente por esta fatalidade. Visamos o fortalecimento do atual modelo da atenção psicossocial, sendo o cuidado humanizado a principal estratégia de tratamento às pessoas portadoras de sofrimento mental. No decorrer dos treze anos dos serviços prestados pelo CAPS II de Janaúba, até o momento não houve incidentes de nosso público alvo. Receamos que a veiculação de falsas notícias venha fomentar o preconceito e segregação dos nossos usuários. Portanto, avessos a toda forma de exclusão, reafirmamos a liberdade como o lugar para o exercício da saúde mental, na promoção da cidadania, construção de vínculos sociais e reinserção do portador de sofrimento mental no seio familiar e comunitário.
Sensibilizados pelos gestos de solidariedade prestados às vítimas e suas famílias, manifestamos nossa gratidão às incontáveis manifestações de apoio ao povo gorutubano. Diante à dor imensurável, os trabalhadores da atenção psicossocial do município encontram nestes gestos, força para dar continuidade à prestação adequada de assistência às famílias e sobreviventes.
Cecília Moreira FreitasSecretária Municipal de Saúde de Janaúba – MG
Juliana MatosCoordenadora Municipal de Saúde Mental de Janaúba – MG
(*) Com informações da Agência Estado