(Editoria de Arte)
Nem a volta às aulas e as longas listas de material escolar foram capazes de impulsionar o mercado de papelarias e livrarias, que tenta se recuperar da crise provocada pela turbulência econômica e pela concorrência do e-commerce. Pesquisa divulgada ontem pela Fecomércio-MG mostra que em janeiro, considerado o melhor mês do ano para o setor, as vendas tiveram resultado inferior às de 2018 em 44,3% das empresas, decepcionando os lojistas.
Conforme os dados, que também levaram em conta a saída dos produtos em supermercados, lojas de departamento e magazines, o desemprego (22,9%) e o momento econômico do país (13,8%) foram os principais motivos da piora em relação ao ano passado. O tíquete médio, neste ano, ficou entre R$ 100,01 e R$ 200, mas em 61% das unidades avaliadas o valor médio gasto, por pessoa, não ultrapassou os R$ 100. Além disso, o meio de pagamento mais utilizado foi o cartão de crédito parcelado.
Diante do faturamento ruim, a esperança, agora, é que os consumidores tenham deixado as compras para a última hora.
“Mais de 70% dos entrevistados esperam que o movimento ainda cresça na segunda quinzena de fevereiro”, diz o economista da Fecomércio-MG, Guilherme Almeida.
Segundo ele, a expectativa se dá principalmente por causa do adiamento do calendário escolar por parte de algumas prefeituras da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), que ameaçam retomar as aulas somente após o Carnaval. “Apesar de os livros didáticos da escola pública serem doados pelo governo, grande parte das vendas em material de papelaria vem desse público”, diz Almeida.
Para Denner França, proprietário da Copiadora Pinguim, no Cidade Nova, o adiamento do calendário realmente impactou as vendas. À frente da copiadora desde 1996, Denner também acredita que a queda está atrelada à digitalização e à mudança de comportamento do consumidor.
“Antigamente os estudantes imprimiam muitos textos, tiravam xerox, cópias, faziam encadernação. Hoje é tudo digital”, afirma.
Outro ponto importante, levantado pelo economista da Fecomércio, é que o consumidor está mais empenhado em economizar e atento às oportunidades. “Em 62% das lojas, o consumidor realizou pesquisa de preços antes de comprar”, diz ele, destacando que os grupos de trocas e o reaproveitamento de materiais usados também estão mais frequentes.
Neste contexto, quem postergou a compra pode acabar se dando bem. Para desovar o estoque, muitos estabelecimentos devem recorrer a promoções. Conforme a pesquisa da Fecomércio-MG, 39% das empresas entrevistadas vão apostar em ofertas e/ou liquidações de artigos que compõem a lista escolar como forma de atrair clientes. Outros 22,5% optaram por fazer ações de divulgação e 13,3% diversificaram o mix de produtos.