O volume de chuvas desde o início do verão em 2022 alcançaram índices acima da média histórica em Belo Horizonte, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) . O atual período chuvoso pode bater novos recordes já que ainda faltam dois meses para o término da estação mais quente do ano.
As chuvas de verão se concentram principalmente de dezembro e janeiro. Nesta terça-feira (31), um balanço do Inmet aponta que janeiro foi o mês com mais dias chuvosos em Belo Horizonte nos últimos 10 anos.
Segundo o instituto, a média climatológica de precipitação na capital é de 330,9 mm para janeiro. Neste ano, foram registrados 460,8 mm até o dia 24 – aumento de cerca de 39%. Normalmente, são apenas 15 dias chuvosos no primeiro mês do ano.
Já em dezembro de 2022 foram 427,8 mm de chuvas, superando a média climatológica do mês, que é de 339,1 mm.
Fenômenos
O meteorologista Claudemir de Azevedo, do Inmet, explicou que a responsável pela maior precipitação no atual período chuvoso é a chamada Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS).
"É um fenômeno meteorológico comum. Ele é responsável por trazer quatro a cinco dias consecutivos de chuva. Então, gera um grande volume de chuva em determinada região", esclareceu o especialista.
A ZCAS é caracterizada por um forte corredor de umidade que se estende desde o Norte do Brasil, até a costa das regiões Nordeste e Sudeste. Segundo o meteorologista, a maior ocorrência da ZCAS se deve à atuação do fenômeno atmosférico La Niña, que é caracterizado pelo resfriamento das águas oceânicas, que gera uma série de mudanças significativas nos padrões de precipitação e temperatura ao redor da Terra. O Brasil está sob influência do La Niña desde 2020.
Consequências das chuvas
Claudemir de Azevedo lembrou que o volume elevado de chuvas pode ajudar na reposição hídrica dos reservatórios, o que, consequentemente, contribui para geração de energia nas hidrelétricas, amenizando os períodos de escassez, que podem provocar apagões elétricos.
O grande volume de chuva tamvém ajuda a agricultura. Segundo o meteorologista, maiores precipitações e distribuídas ao longo dos meses garantem safras recordes de grãos no país, principalmente na região Central.
Entretanto, nos grandes centros urbanos as chuvas abundantes causam transtornos como inundações, alagamentos, enxurradas e deslizamentos de encostas.
Conforme Claudemir de Azevedo, como as tempestades são acompanhadas de raios e ventos, podem provocar descargas elétricas e queda de árvores.
Apesar do cenário atual, o especialista afirmou que a previsão é que o volume de chuvas comece a reduzir nas próximas semanas. Em fevereiro, a expectativa é que as precipitações fiquem dentro da média histórica, mas não descarta novos episódios de ZCAS.
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