(Arquivo Hoje em Dia)
Adversários no segundo turno da eleição ao governo de Minas, Antonio Anastasia (PSDB) e Romeu Zema (Novo) travam uma batalha pelos votos dos evangélicos.
Os dois postulantes ao Palácio da Liberdade tiveram um encontro, ontem, com pastores da Igreja Batista Getsêmani do bairro Dona Clara, na região da Pampulha, em busca de apoio que pode ser decisivo neste pleito. Lucas Prates
Para se ter ideia do peso que o voto dos evangélicos pode ter no resultado da eleição, segundo o último levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em 2010, 2.515.681 pessoas, entre 18 e 69 anos – idade em que o voto é obrigatório –, se declararam evangélicas no Estado. Esse número corresponde a 17,32% do total de eleitores que votaram em Minas no pleito daquele ano. Hugo Cordeiro/Divulgação
O presidente da igreja, pastor Jorge Linhares, declarou que vai votar no tucano, e teve o coro endossado por grande parte do público que acompanhou o encontro.
O senador conta com um importante cabo eleitoral para angariar votos no templo. Eleito para ocupar uma cadeira no Senado na próxima legislatura, e apoiador declarado da candidatura de Anastasia, Carlos Viana (PHS), é membro da igreja e participou do evento.
“Foi um convite que recebi, assim como o Zema. É natural, afinal de contas, a igreja evangélica é muito expressiva, tem muita importância, muitos valores sociais, e uma participação grande. Eu lembro, por exemplo, no meu tempo de governo a parceria que fizemos de combate às drogas”, destacou Anastasia.
Para o cientista político Leandro Silva, o voto dos evangélicos tem uma característica diferente das demais comunidades religiosas. “É um voto tático, organizacional. O católico, apesar de ser fiel aos preceitos cristãos da Igreja Católica, não segue as diretrizes políticas da igreja. Diferentemente dos evangélicos, em que o voto é mais unido, coeso. Os pastores têm um dedo muito forte nessa escolha”, afirmou.
Durante a campanha eleitoral, a assessoria de imprensa de Anastasia informou que ele percorreu cerca de uma dezena de igrejas como a Sara Nossa Terra e a Assembleia de Deus. Templos católicos também foram visitados.
Zema
Também de olho nessa fatia do eleitorado, Zema se encontrou pela segunda vez com lideranças evangélicas. Na semana passada, o empresário se reuniu com pastores da Igreja Batista da Lagoinha.
Ontem, o candidato do Novo foi aplaudido pelo público quando reforçou seu apoio à candidatura presidenciável de Jair Bolsonaro (PSL), que tem grande aceitação nessa parcela do eleitorado.
Zema ainda afirmou que é contra a taxação das igrejas. “Sempre fui uma pessoa optante da diversidade. Na minha empresa, nós temos pessoas de todas as raças, religiões, sem exceção. Falo que lá é um lugar de diversidade, e estou exercendo isso. Estou falando com todos os tipos de entidades, não me nego a falar, estar presente com nenhuma classe”, completou.
Em relação à manifestação dos membros da igreja em prol de Anastasia, o empresário afirmou que confia no corpo a corpo que tem feito desde o início da corrida ao governo.
“Respeito toda opinião, mas acredito em trabalho. A minha pré-campanha e campanha mostraram que eu fui o que mais trabalhou. Visitei quase 200 cidades, a maioria de carro, e vejo que os meus concorrentes ficaram em gabinetes, no ar-condicionado”.
De acordo com assessoria de imprensa do candidato, novos encontros com líderes religiosos podem acontecer nos próximos dias, desde que haja compatibilidade nas datas.
Além disso, o candidato afirmou que busca o diálogo com todos os segmentos e setores da sociedade mineira, inclusive religiosos. “Estou dialogando com todo tipo de entidade, com todos os setores. É da diversidade que surge o enriquecimento e isso é extremamente bom para a democracia”, enfatiza.
População carcerária
A redução da população carcerária foi outro tema abordados pelos candidatos no encontro de ontem. Anastasia comentou a fala de Zema, que, em entrevista na semana passada, afirmou que cerca de 20% ou 30% dos presos estão em situação provisória, e que poderiam estar em liberdade condicional, porque não oferecem perigo à sociedade. “Ele teria dito que haveria uma liberação, quase que imediata de 30% dos presos, tendo em vista o custo de manutenção desses presídios. Não é bem assim que se faz, até porque, a Lei de Execução Penal tem seus critérios, seus rigores, e é matéria federal, não é matéria do Estado. A proposta de liberar 30% me parece algo que não tem viabilidade”.
Zema, por sua vez, afirma que a ideia principal da proposta é desafogar a Defensoria Pública. “É necessário que o Estado tenha uma Defensoria Pública mais robusta, porque muitas pessoas, inclusive, inocentes estavam indo para a cadeia sem ter o direito à defesa”, pontuou Zema.