(Embryoscope/Divulgação)
O pontapé inicial para os progressos obtidos pela medicina reprodutiva foi dado há 40 anos, quando nasceu o primeiro bebê de proveta do mundo. De lá pra cá, a tecnologia permitiu uma série de avanços como o monitoramento de embriões fertilizados in vitro e o transplante de útero. Na última semana, dezenas de especialistas e cientistas estiveram reunidos, pela primeira vez em Belo Horizonte, no 28º Congresso Brasileiro de Reprodução Humana.
Uma das revoluções mais atuais e que trouxe contribuição significativa para a área foi o time-lapse, técnica que permite o acompanhamento, em tempo real, do desenvolvimento de embriões congelados.
O processo se dá por meio de uma incubadora, aparelho que disponibiliza em torno de 470 milhões de dados sobre cada embrião. Utilizado em larga escala em países como Japão e Inglaterra, Belo Horizonte receberá, em janeiro, o primeiro equipamento do tipo, quinto do Brasil.
“A grande novidade, agora, é a utilização da inteligência artificial, junto ao aparelho, que utiliza análise por algoritmos que vão avaliar o desenvolvimento do embrião, escolhendo o que terá a melhor chance de gravidez”, conta o ginecologista João Pedro Junqueira Caetano, presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana.
Cálculos
A matemática por trás dos algoritmos foi desenvolvida por um brasileiro, da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), que inclusive patenteou a tecnologia. Para a doutora em embriologia Cristina Hickman, gaúcha que vive há 20 anos na Inglaterra, a contribuição é muito positiva.
“Com a inteligência artificial, temos uma capacidade maior de processamento de dados e padrões mais corretos. Precisamos, agora, melhorar a consistência da classificação base dos embriões, algo que seja universal. Embriologistas em quaisquer países devem ver a mesma coisa e não terem interpretações diferentes”, explica Hickman, que compõe grupo de cientistas que testa a aplicação clínica do método. “Ainda não está disponível”, destaca.
Hora certa
O adiamento da maternidade, seja pela espera de um relacionamento, estabilidade profissional ou a incerteza sobre a vontade de ser mãe, tem se tornado cada vez mais comum no mundo e, no Brasil, não é diferente.
Entre 2007 e 2017, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cresceu em 44% o número de mulheres entre 30 e 39 anos que se tornaram mães. Entre as de 40 a 44 anos, o aumento foi de 37%. Já na faixa etária de 20 a 29 anos, a redução foi de 8%.
O cenário é bem propício à expansão da fertilização in vitro. “Temos visto, no consultório, que a decisão por congelamento de óvulos, por exemplo, tem sido tomada após os 35 anos, quando o ideal é de 28 a 32 anos”, coloca o ginecologista João Pedro Junqueira Caetano, diretor-presidente da Pró-Criar Medicina Reprodutiva, que receberá o aparelho.
Nesse ponto, há também contribuição do equipamento e da futura inteligência artificial aplicada, conforme Cristina Hickman. “É extremamente avançado como incubadora, a manutenção da temperatura é mais consistente que a do corpo humano. Além disso, a partir do diagnóstico do embrião, podemos modificar o tratamento de cada mulher para tomar decisões específicas”, expõe a doutora, responsável pelos treinamentos dos médicos nesta máquina aqui no Brasil.Editoria de Arte
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