(Maurício Vieira/Hoje em Dia)
O custo da cesta básica em Belo Horizonte subiu 23,06% nos últimos 12 meses, atingindo, em média, R$ 568,27 – em julho de 2020, era R$ 461,80. O valor consome mais da metade de um salário mínimo – que atualmente é de R$ 1.100.A alta é quase três vezes a inflação do período, 8,62%, e ajuda a explicar o arrocho em vários lares na capital, onde o custo de vida também vem subindo – no mês passado, a alta foi de 0,54%. A pressão sobre o orçamento já obriga muita gente a rever hábitos na tentativa de economizar e equilibrar as contas.
Os dados foram divulgados ontem pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead/UFMG). Segundo o instituto, o preço da cesta básica subiu 2,66% em julho em comparação a junho. Os principais vilões foram o tomate – que encareceu 26,13% –, o leite pasteurizado (8,15%) e a carne chã de dentro (2,43%).
De acordo com Eduardo Antunes, gerente da pesquisa do Ipead/UFMG, as sucessivas elevações de preço são resultado de demandas reprimidas na fase de maior isolamento pela pandemia de Covid, e que agora estão em crescimento devido à retomada gradual da rotina pelos belo-horizontinos.
“Estamos vivendo um período em que a demanda é maior do que a oferta e isso acaba pressionando os preços. Este panorama ainda vai perdurar até pelo menos o fim do ano e a escalada (de preços) ainda vai permanecer”, diz.
Aperto
Não só a cesta básica ficou mais cara. Segundo o Ipead/UFMG, o Índice Geral de Preços ao Consumidor (IPCA) avançou pelo sétimo mês consecutivo: foi de 0,54% em julho. No acumulado do ano, chega a 4,76%.
O item que mais pressionou o aumento da inflação foi o relacionado à refeição, com alta de 4,4% no mês. Outros gastos pessoais como o de Transportes, Comunicação, Energia e Prediais tiveram aumento de 1,14%.
Diante deste cenário, mais do que nunca a palavra de ordem é economizar. Para Solange Abreu, presidente do Movimento das Donas de Casa de Minas Gerais (MDC/MG), o momento é não só de pesquisar, mas de ter atenção a pequenas economias domésticas para tentar equilibrar, com uma mudança de hábitos, os impactos da inflação.
“Está cada dia mais difícil conseguir ter um ganho real de economia somente pesquisando os preços nos supermercados, porque os aumentos chegaram à energia elétrica e ao gás de cozinha, por exemplo”, diz Solange. Com isso, cada centavo poupado faz a diferença.
A aposentada Sônia Medeiros segue à risca esta receita para fazer render os R$ 1.100 que recebe mensalmente. Para economizar na energia, ela mantém acesa apenas a luz do cômodo em que está e tira da tomada todos os eletrodomésticos da casa que não estão em uso.
“Uso somente panelas de inox porque assim consigo cozinhar em fogo baixo, e gasto menos gás. A minha TV só é ligada após as 15h. Infelizmente, para conseguir viver com um salário mínimo, toda economia é necessária”, resume.