TIRO NO PÉ

Estudo da UFMG aponta perdas globais de US$ 128 bilhões com tarifaço de Trump e EUA mais prejudicado

Análise da Faculdade de Ciências Econômicas projeta retração generalizada com as medidas protecionistas já adotadas

Do HOJE EM DIA
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11/04/2025 às 15:25.
Atualizado em 11/04/2025 às 15:41
Bem-estar global deve sofrer uma diminuição da ordem de US$ 130 bilhões (Marcello Casal jr / Agência Brasil)

Bem-estar global deve sofrer uma diminuição da ordem de US$ 130 bilhões (Marcello Casal jr / Agência Brasil)

A guerra comercial deflagrada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, tem potencial para provocar redução de 0,16% no Produto Interno Bruno (PIB) global, o que equivale a uma perda de US$ 128 bilhões. Para o comércio mundial a previsão é de US$ 592 bilhões de prejuízo, com retração de 2,81% no nível de atividade. Já o bem-estar global – medida monetária que visa refletir a perda de bem-estar econômico – deve sofrer uma diminuição da ordem de US$ 130 bilhões.

As projeções estão no estudo sobre os impactos econômicos regionais e setoriais das elevações de tarifas de importações dos EUA - com respostas de outro gigante econômico, a China, desde o mês passado, além de outros países e blocos econõmicos. A análise publicada pelo Núcleo de Estudos em Modelagem Econômica e Ambiental Aplicada (Nemea) do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Faculdade de Ciências Econômicas (Face) da UFMG aponta que EUA e China sairão perdendo da guerra comercial instaurada por Donald Trump, mas em diferentes proporções. 

Para a China, a projeção é de que o PIB sofrerá redução de US$ 32,7 bilhões, ou 0,27%. Já os Estados Unidos enfrentariam uma diminuição de US$ 92,7 bilhões (0,48%) em seu PIB, o que reflete “uma considerável perda econômica”, anotam os pesquisadores. Portanto, a perda estadunidense projetada é quase duas vezes maior que a chinesa em termos relativos e quase três vezes maior em termos absolutos.

Razão para essa diferença entre as perdas econômicas dos dois países

“Ao instaurar um imposto sobre os importados, parte dos custos de produção (insumos produtivos) ficam mais caros, retraindo o nível de produção e, consequentemente, a atividade econômica. Para o caso dos EUA, esse argumento é mais notável, dado que o país aplicou tarifas para todas as regiões nessa simulação, reduzindo potenciais efeitos de substituição de parceiros comerciais. Já no caso da China, como o país apenas aplicou tarifas sobre os EUA, a metodologia captura mudanças nos padrões de comércio, indicando substituições de parceiros comerciais”, aponta o documento.

Brasil: desindustrialização e hipercomoditização

É possível que um pequeno incremento – da ordem dos US$ 350 milhões, ou 0,02% – venha a ser observado no PIB brasileiro como consequência das medidas de proteção comercial adotadas pelo governo de Donald Trump, aponta estudo do Cedeplar/UFMG. E seria consequência quase exclusivamente do ganho na produção e exportação da soja. Com exceção do setor das sementes oleaginosas, todos os demais (inclusive os demais segmentos agropecuários) deverão sofrer “perdas significativas” – em particular, o de serviços e a indústria, essenciais para melhorar o posicionamento estratégico do Brasil na estrutura econômica mundial. 

“O setor industrial seria o mais afetado, estimando-se uma perda de US$ 3,5 bilhões, demonstrando um impacto adverso considerável na economia brasileira. O segmento de serviços também enfrentaria uma diminuição, com uma perda de US$ 375 milhões”, destaca o relatório, apontando para a possibilidade de um preocupante avanço na hipercomoditização da economia brasileira.

“A elevada perda de exportações e produção da indústria brasileira sugere efeito de ‘desindustrialização’ na economia. Este fenômeno teria consequências significativas nas perspectivas de crescimento e geração de empregos mais qualificados e com maior remuneração”, registra-se no relatório.

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