(FLAVIO TAVARES)
A psicóloga Adriana Abijaodi Vieira considera que acreditar em personagens mágicos estimula a criatividade das crianças. Porém, apesar de não ver problemas em estimular as fantasias, ela diz que os pais devem puxar para a realidade.
“Falo com minhas sobrinhas que não sei se Papai Noel vai poder trazer aquele presente desejado por elas”.
Em relação ao Coelhinho da Páscoa, a dica é contar a história dos ovinhos. “Os pais podem enfatizar a magia, mas, também, ir mostrando que coelho não bota ovo. Gosto mais de trabalhar o lado cultural e contar, por exemplo, que o ovo é símbolo de vida nova e que o coelhinho virou referência porque tem muitos filhotinhos”, indica.
O outro lado da moeda
Mãe de Lucas, de 8 anos, e madrasta de Sofia, de 15, a empresária Luciana Brandão diz não se sentir à vontade para alimentar “uma coisa que não é verdade”.
“Acho que a criança sinaliza bem o limite dela. Ela mostra até quando acredita veementemente e quando coloca aquilo em dúvida. A partir do momento que ela me traz a dúvida, não forço a barra”.
Para ela, as fantasias podem ser saudáveis até determinado momento, pois, do contrário, a criança pode sentir que está sendo feita de boba. “Isso é muito ruim, porque a criança perde a confiança em você”, articula.
Ela relata que o problema já aconteceu quando a sua enteada tinha uns 5 anos de idade. “Meu marido se vestiu de Papai Noel num Natal. A Sofia o reconheceu, mas minha sogra e minha cunhada disseram que não era o pai dela. A Sofia insistiu dizendo que o relógio usado pelo Papai Noel era de seu pai. Por fim, disseram que o Papai Noel estavam apertado e o meu marido estava o ajudando”, recorda.
Segundo Luciana, o episódio foi tão desconfortável que, naquele momento, ela decidiu que faria diferente no futuro, quando tivesse seus filhos. “Achei equivocada aquela situação. Achei feio”, reforça.
É fato que as crianças estão cercadas por uma cultura a favor dos personagens e que esse tipo de contato é inevitável. Mas Luciana diz que o filho não se mostrou frustrado quando soube da verdade, e que contou somente quando a pergunta partiu dele.
“E sempre instruí meu filho a respeitar o amiguinho que acredita no Papai Noel, por exemplo”, enfatiza, completando que incentiva outras formas de fantasia. “Há várias outras brincadeiras hoje que estimulam a criatividade”.