Fantasia e realidade devem ser equilibradas

Thais Oliveira
taoliveira@hojeemdia.com.br
24/03/2016 às 20:34.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:38
 (FLAVIO TAVARES)

(FLAVIO TAVARES)

A psicóloga Adriana Abijaodi Vieira considera que acreditar em personagens mágicos estimula a criatividade das crianças. Porém, apesar de não ver problemas em estimular as fantasias, ela diz que os pais devem puxar para a realidade.

“Falo com minhas sobrinhas que não sei se Papai Noel vai poder trazer aquele presente desejado por elas”.

Em relação ao Coelhinho da Páscoa, a dica é contar a história dos ovinhos. “Os pais podem enfatizar a magia, mas, também, ir mostrando que coelho não bota ovo. Gosto mais de trabalhar o lado cultural e contar, por exemplo, que o ovo é símbolo de vida nova e que o coelhinho virou referência porque tem muitos filhotinhos”, indica.

O outro lado da moeda

Mãe de Lucas, de 8 anos, e madrasta de Sofia, de 15, a empresária Luciana Brandão diz não se sentir à vontade para alimentar “uma coisa que não é verdade”.

“Acho que a criança sinaliza bem o limite dela. Ela mostra até quando acredita veementemente e quando coloca aquilo em dúvida. A partir do momento que ela me traz a dúvida, não forço a barra”.

Para ela, as fantasias podem ser saudáveis até determinado momento, pois, do contrário, a criança pode sentir que está sendo feita de boba. “Isso é muito ruim, porque a criança perde a confiança em você”, articula.

Ela relata que o problema já aconteceu quando a sua enteada tinha uns 5 anos de idade. “Meu marido se vestiu de Papai Noel num Natal. A Sofia o reconheceu, mas minha sogra e minha cunhada disseram que não era o pai dela. A Sofia insistiu dizendo que o relógio usado pelo Papai Noel era de seu pai. Por fim, disseram que o Papai Noel estavam apertado e o meu marido estava o ajudando”, recorda.

Segundo Luciana, o episódio foi tão desconfortável que, naquele momento, ela decidiu que faria diferente no futuro, quando tivesse seus filhos. “Achei equivocada aquela situação. Achei feio”, reforça.

É fato que as crianças estão cercadas por uma cultura a favor dos personagens e que esse tipo de contato é inevitável. Mas Luciana diz que o filho não se mostrou frustrado quando soube da verdade, e que contou somente quando a pergunta partiu dele.

“E sempre instruí meu filho a respeitar o amiguinho que acredita no Papai Noel, por exemplo”, enfatiza, completando que incentiva outras formas de fantasia. “Há várias outras brincadeiras hoje que estimulam a criatividade”.

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