A decisão da Copa do Brasil entre Grêmio e Atlético marca nesta quarta-feira, às 21h45, na Arena Grêmio, em Porto Alegre, a retomada do futebol brasileiro depois de sua maior tragédia: o acidente aéreo ocorrido no dia 29 de novembro nos arredores de Medellín, que matou 71 pessoas entre jogadores e integrantes da comissão técnica da Chapecoense, além de jornalistas e tripulantes do voo da LaMia. O clima ainda é de consternação e o jogo também terá diversas homenagens.
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Nesta quarta-feira, os dois times vão colocar o escudo da equipe catarinense nos uniformes - a bola também terá a logomarca. Árbitro e auxiliares vestirão camisas verde, com o emblema da Chapecoense. E, na entrada dos jogadores no campo, bandeiras de ambos os clubes, da Chapecoense, do Brasil e da Colômbia serão levadas ao gramado.
Na arquibancada, a torcida gremista vai abrir a camisa gigante que os torcedores da equipe de Santa Catarina leva aos jogos na Arena Condá - são esperadas 55 mil pessoas no estádio. Os mascotes dos clubes usarão camisa diferente, com a frase "Força, Chape". Crianças entrarão com camisas brancas com os mesmos dizeres.
O minuto de silêncio também será diferente, com toque militar. Ao mesmo tempo, um videoclipe com imagens da Chapecoense será exibido nos telões, sem som. Os jogadores ficarão perfilados no centro do campo, alternadamente, junto com representantes da imprensa, maneira encontrada de homenagear os jornalistas mortos na queda do avião.
Jogadores de ambas as equipes dizem que será difícil ir a campo depois da tragédia ocorrida há 9 dias, mas reconhecem que é preciso reagir e tocar a vida - a partida deveria ter sido realizada na quarta-feira passada, mas foi adiada, pois não havia clima para que se jogasse futebol logo após o acidente.
O técnico do Grêmio, Renato Gaúcho, que chorou na semana passada ao tocar pela primeira vez no assunto, alerta que é preciso olhar para frente. "É duro, é muito duro, mas a vida é assim e segue. Meus jogadores precisam do treinador, são o reflexo do seu comandante e vamos estar fortes para esta final", disse. Para buscar a melhor recuperação psicológica possível, ele adotou conversas longas com os jogadores nos últimos dias.
MÃO NA TAÇA - O time gaúcho está bem próximo da conquista da Copa do Brasil. Venceu a partida de ida, por 3 a 1, e pode perder por até um gol de diferença que será campeão - na decisão não vale o "gol qualificado". Caso o Atlético vença por vantagem de dois gols, a decisão do título será nas penalidades.
Renato Gaúcho mantém o time da vitória no estádio do Mineirão, com exceção do atacante Pedro Rocha. Suspenso por ter sido expulso em Belo Horizonte, ele será substituído por Everton.
O time mineiro não joga a toalha. O técnico Marcelo Oliveira foi demitido após a derrota no primeiro jogo, o ex-gremista Roger Machado só assume no ano que vem, mas o interino Diogo Giacomini conseguiu melhorar o astral do grupo. E a torcida tenta dar força. Nesta terça-feira, cerca de 300 torcedores foram ao aeroporto dar apoio no embarque do grupo para Porto Alegre.
Diogo Giacomini deve escalar o time com três volantes, visando não tomar gols, mas sem deixar de lado a ambição de fazê-los. "Com três volantes, a equipe fica mais compacta. O meio fica mais preenchido. É o que o Grêmio faz. Com o Luan, o time fica mais ofensivo. Tem mais ofensividade e profundidade", defendeu o volante Rafael Carioca. "O Diogo diz que temos que fazer o que o Grêmio está fazendo".
Campeão em 1989, 1994, 1997 e 2001, o Grêmio vai se "desgrudar" do Cruzeiro e tornar-se o maior ganhador da Copa do Brasil se confirmar o favoritismo e ganhar o quinto título. O Atlético venceu em 2014 e tenta a segunda taça. O time recebeu boa notícia ontem: a Conmebol distribuiu as vagas que eram do México na Copa Libertadores e o Brasil ganhou uma quarta vaga direta pelo Campeonato Brasileiro. Essa já é do Atlético.
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