Grito dos Excluídos chega à 28ª edição com atrações culturais e críticas à desigualdade

O protesto Grito dos Excluídos, organizado há 28 anos pelas pastorais sociais ligadas à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), no dia 7 de Setembro, também vai lembrar o bicentenário da Independência do Brasil. 

Mas longe de fazer uma abordagem cívica ou meramente histórica, o ato público que, em BH, vai reunir, a partir das 9h, na Praça Vaz de Melo, na Lagoinha, região Noroeste, integrantes de pastorais, membros de movimentos sociais e diversas entidades, pretende fazer uma “reflexão crítica sobre o Dia da Independência”.

Em um vídeo postado no site da Arquidiocese de BH, o cardeal e arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, declara: “Não há plena independência quando as riquezas brasileiras estão escoando do país. Uma nação verdadeiramente independente e democraticamente soberana, não se curvando às leis do um poder econômico, de um mercado que é indiferente às desigualdades sociais.”

Na “Mensagem ao Povo Brasileiro sobre o Momento Atual”, divulgada na sexta-feira (2), os 292 bispos católicos do Brasil, reunidos na 59ª Assembleia Geral da CNBB, alertam sobre o que consideram uma “complexa e sistêmica crise” que “escancara a desigualdade social, historicamente enraizada na sociedade brasileira”.

A CNBB trata, ainda, de chamar a atenção da população sobre os “alarmantes descuidos com a terra”. E não deixa de lado as críticas contra a escalada da violência “potencializada pela flexibilização das posse e porte de armas que ameaçam o convívio humano.”

O tema escolhido para celebrar o 7 de Setembro pela CNBB e as pastorais ligadas ao ato público, é “Brasil: 200 anos de (In)dependência. Para quem?”, com o tema: “Vida em primeiro lugar”.

A mensagem da CNBB destaca outros problemas relevantes para a sociedade brasileira, como “o desemprego e a falta de acesso à educação de qualidade para todos”. E lembra que “a fome é certamente o mais cruel e criminoso deles, pois a alimentação é um direito inalienável”, como já declarou o Papa Francisco, afirma o documento.

Dom Walmor, que também é o presidente da Confederação dos Bispos do Brasil, declara no vídeo que “afirmar a independência do Brasil significa também não tolerar ataques à democracia e às suas instituições, que possibilitam a participação dos brasileiros na definição dos rumos do país.” 

E pede que o Dia da Independência seja um dia de orações “por todos que se dedicam à promoção da política melhor, especialmente por cidadãos e cidadãs sensíveis aos clamores dos pobres”, ressalta o vídeo do arcebispo.

Temas sensíveis como direito dos indígenas à terra, extrativismo predatório, mineração com mortes e destruição, não ficaram de fora do discurso.

O presidente da CNBB provoca uma reflexão ao sugerir que o grito de independência, às margens do Ipiranga, possa servir como inspiração para “gestos cotidianos capazes de fazer do Brasil cada vez mais uma nação (...) com menos desigualdade social, mais justiça e paz.” E também ressalta o caráter pacífico das manifestações do dia 7 de Setembro.

Veja como será a programação do Grito dos Excluídos em várias cidades no país neste link. Em Minas, há atos em BH e em Montes Claros. Na capital, há várias apresentações artísticas e culturais, ao longo do trajeto entre a Praça Vaz de Melo, passando pela rua Itapecerica, pela Vila Senhor dos Passos, até chegar na ocupação Pátria Livre. Confira:

Serviço: 

28º Grito dos Excluídos

Data: 7 de setembro

Concentração de 9h às 10h – Praça Vaz de Melo (Av. Antônio Carlos com Rua Além Paraíba) embaixo da passarela da Lagoinha.

A partir das 10h: Caminhada até a Rua Pedro Lessa, 435.

Encerramento da marcha: Ocupação Pátria Livre, na Pedreira Prado Lopes, com intervenções políticas e apresentações culturais. Haverá venda de almoço a preço popular.

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