Ilan evita responder questão sobre redução de meta de inflação no Brasil

Estadão Conteúdo
18/04/2017 às 13:27.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:10
 (Wilson Dias/Agência Brasil)

(Wilson Dias/Agência Brasil)

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, evitou falar sobre redução da meta de inflação após fazer palestra em evento do Itaú nesta terça-feira (18) em São Paulo. Questionado pelo economista-chefe do banco, Mário Mesquita, sobre qual deveria ser a meta ideal para o Brasil e se este é o momento para alterar a meta, o dirigente se limitou a dizer que haverá uma reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) em junho que vai avaliar o cenário e decidir sobre a meta de 2019.

"Vamos avaliar a expectativa de inflação, a situação e o CMN vai tomar sua decisão no momento adequado", afirmou o presidente do BC.

Ilan disse que comentou sobre o tema em evento há cerca de dois meses e foi mal interpretado. Na ocasião, segundo ele, Ilan falou de uma meta de inflação menor no Brasil para o longo prazo, mas as manchetes dos jornais falaram que ele defendia a redução da meta para já.

Ainda na parte de perguntas e respostas do evento, Ilan defendeu a Taxa (de juros) de Longo Prazo, a TLP, lançada recentemente pelo governo. O presidente do BC disse que o instrumento melhora a potência da política monetária e estimula o financiamento de longo prazo na economia.

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Outra questão enviada pela plateia ao presidente do BC foi sobre a continuidade do cenário chamado por ele de "interregno benigno" na economia mundial, caracterizado por juros muitos baixos nas principais economias do planeta. O dirigente disse que este quadro prossegue, mas o ambiente mudou um pouco, na medida em que as taxas de juros estão subindo nos Estados Unidos e devem ser elevadas em outros países desenvolvidos.

Juro real
Ilan ressaltou o fato de a taxa de juro real estar hoje entre 4,5% e 5,5%, o que é, na avaliação dele, um intervalo baixo para os patamares históricos. Segundo o banqueiro central, décadas atrás a taxa de juro real brasileira era de 20%. "Melhoramos a economia, fizemos reformas e o juro caiu de 20% para 10%", disse.

Conforme Ilan, o juro real médio nos últimos anos foram de 5% tirando o período de elevada euforia em que a taxa de juro descontada a inflação chegou a 2%. "Juro real de 4,6% é baixo considerando o nosso histórico. Só que podemos fazer mais", ressaltou o presidente do BC.

Na avaliação dele, o juro real da economia ainda está em processo de convergência e dependerá de avanços na redução da taxa estrutural. "Juros da economia dependem de eficiência, produtividade, reformas, eficiência da política fiscal e políticas econômicas", disse o presidente do BC.

Para o banqueiro central, tudo vai ajudar a reduzir a taxa estrutural, que por não ser um indicador de alta frequência depende de questões mais básicas. Estimativas envolvem alto grau de incerteza. "Avaliações, necessariamente, envolvem julgamento. Reformas, notadamente a da previdência, podem reduzir a taxa estrutural de juros", disse.

Fatores de risco
O presidente do Banco Central afirmou durante palestra em evento do Itaú que há quatro fatores de risco para a economia brasileira, incluindo o de a recuperação da atividade ser mais, ou menos, demorada e gradual do que o antecipado. Ilan destacou o cenário de queda de inflação e das expectativas para os índices de preços, que têm permitido a redução dos juros, mas ressaltou que há incertezas que podem gerar mudanças no processo de inflação.

A primeira mencionada por ele foi a incerteza externa, em meio a um cenário político incerto em países da Europa e nos Estados Unidos. "Uma incerteza externa pode gerar mudanças no processo de inflação.Temos sempre que acompanhar."

Outro fator de risco mencionando por Ilan foi a aprovação e implementação de reformas, especialmente da Previdência e outras para o ajuste fiscal. "Estas reformas são relevantes para a sustentabilidade da inflação e para a redução de juros estrutural da economia."

Ilan ressaltou ainda um outro fator de risco para o cenário de inflação, mas desta vez um fator positivo, que seria um choque de oferta de alimentos. Este choque levaria a uma queda da inflação. Há a possibilidade, disse ele, de a queda na inflação provocada por este choque levar outros preços a caírem.

Na apresentação, Ilan mencionou mais de uma vez que a aprovação da reforma da Previdência é essencial para que a inflação continue caindo e a percepção de risco do Brasil siga melhorando. "Reformas já mostram resultados positivos", disse ele, citando que das taxas do CDS (Credit Default Swap) do Brasil, um derivativo que protege contra calotes.

"Aprovação e implementação de reformas pode produzir queda do juro estrutural", afirmou o presidente do BC, destacando que a Previdência é essencial para a melhora das contas fiscais, no médio e longo prazo.


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