(Divulgação / Lollapalooza)
Mallu Magalhães cantava no novo palco Axe do Lollapalooza 2018 enquanto um vento forte anunciava que as chuvas não demorariam. Sua escalação para esse horário, das 14h30, foi, assim, um alívio para ela e seu público. Tocar de dia tira o glamour das luzes e dos lançadores de fumaça que ela usa nas laterais do palco, mas é melhor do que enfrentar as prováveis chuvas do fim de tarde.
O Axe é um espaço novo, colocado em uma extremidade que não era usada. São exatamente 20 minutos caminhando até lá desde o portão de entrada da Rua Teotônio Vilela. Mallu começou às 14h30 pontualmente, e fez uma apresentação muito alinhada com o clima das calmarias "bossa novísticas" de seu disco mais recentemente, Vem, de 2017.
Sua fragilidade vocal fica mais explícita em frente às grandes plateias. Aos 25 anos, dez a mais do que a menina que surgiu de vídeos na internet, ela segue com o carisma de uma meiguice natural, nada forçada, agradecendo ao público sempre que pode, como fez logo depois de Culpa do Amor ou Me Sinto Ótima.
Mallu veio com banda cheia, seis músicos além dela mesma, quase sempre de violão em punho. Seu canto, com personalidade já formada, carece de um cuidado que ela ainda não tem. Em alguns momentos, a falta de afinação quase chega a constranger. Encarar o erro como identidade artística pode se tornar uma muleta da preguiça, e Mallu só precisa estar mais atenta.
Ela tem uma base de fãs autossustentável, capaz de lotar a pista do palco Axe em um horário ingrato e, como compositora, tem ideias fora das caixinhas, como mostra em canções como Velha e Louca ou Mais Você, que defende no projeto Banda do Mar.
A plateia de uma cantora com dez anos de estrada dá sinais de como as coisas estão. Estavam ali as duas gerações que a seguem. Uma tinha 15 anos quando tudo começou e a outra tem 15 anos hoje. Mallu nunca fez uma grande guinada estética na carreira, mas amadureceu bem como criadora de canções. A grande plateia do Lolla pareceu comprovar isso.
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