Após um domingo de protestos em todo o país, as manifestações contra o governo do presidente Michel Temer (PMDB) serão intensificadas nesta semana, quando o peemedebista também cobrará lealdade dos partidos da base aliada.
Centrais sindicais organizam um novo ato para a próxima quarta-feira. No mesmo dia, o Supremo Tribunal Federal decide se suspende o inquérito contra o presidente, em análise ao pedido da defesa do peemedebista para que seja feita perícia nas gravações realizadas pelo empresário Joesley Batista.
As manifestações são convocadas pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e pela Frente Brasil Popular. Exigindo a saída de Temer e a realização de eleições diretas para presidente, manifestantes de centrais sindicais e movimentos sociais deixarão Minas Gerais com rumo a Brasília para o ato. Conforme a presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT MG), Beatriz Cerqueira, cerca de 100 ônibus sairão do Estado para o Distrito Federal. Belo Horizonte também será palco de uma nova manifestação no mesmo dia.
No domingo, milhares de pessoas saíram às ruas com faixas, bandeiras, adesivos e camisetas com os dizeres ‘Fora, Temer!’ e ‘Diretas já!’ em dez capitais.
O ato na capital mineira reuniu cerca de sete mil manifestantes, conforme dados da Força Sindical. A CUT MG contou 30 mil. A Polícia Militar não forneceu estimativa de público.
Diretas
A exigência de novas eleições presidenciais de forma direta é uma das principais demandas dos manifestantes. “Se as pessoas não forem para as ruas, não apenas para este ato, nós corremos o risco de ter um Congresso corrupto elegendo, de forma indireta, o presidente da República”, disse Beatriz Cerqueira.
Caso Temer deixe o cargo, a votação indireta está prevista na Constituição. A professora Aurélia Neves e o representante comercial Mateus Hermano levaram os filhos para o protesto em Belo Horizonte.
Para Aurélia, é importante que as crianças participem ativamente de “um momento histórico para o país”. “Agora, mais do que nunca, nós temos que lutar pelas diretas, porque foi um direito conquistado com muito esforço”, ressalta Mateus.
Reforma
Aos 90 anos, a servidora pública aposentada Diva Maria Leonardo foi ao ato para protestar contra a reforma da Previdência. A manifestante, que trabalhou no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), acredita que as mudanças na aposentadoria irão suprimir direitos conquistados pela população. “Quero que o povo tenha conhecimento e atuação para lutar contra a retirada dos nossos direitos”, afirma.
Além disso:
O presidente do PSDB de Minas Gerais, deputado federal Domingos Sávio, diz que grampos feitos pelo empresário Joesley Batista parecem “armação” pois foram gravadas conversas apenas com o senador afastado Aécio Neves, do mesmo partido, e com o presidente Michel Temer (PMDB).
Segundo ele, o ex-presidente Lula (PT), alvo de delação premiada de Batista, não foi grampeado, o que não demonstra a imparcialidade da operação. “Está saltando aos olhos: é armação”. “Joesley gravou o presidente e gravou o Aécio. E o Lula, por que não gravou? E a Dilma?”, indagou.
Ele ainda questiona o motivo pelo qual os petistas não foram alvos de mandados na operação que levou para a cadeia a irmã de Aécio, Andrea Neves, e afastou o senador das atribuições. “Não diminuo a responsabilidade dos envolvidos, mas começamos a ter algumas indagações sobre a forma como tem sido conduzido, especialmente por parte da Procuradoria-Geral da República”, completou. O PSDB mineiro não tomará decisão sobre o desembarque do governo Temer. Deixará a decisão para a direção nacional.
Perplexidade e ironia dentro e fora do país
Conhecido pelo posicionamento político crítico, o ex-baixista do Pink Floyd, Roger Waters, postou uma foto do presidente Michel Temer no Facebook dele e fez uma alusão à crise por que passa o Brasil. Na imagem, editada, o ex-baixista pergunta: “Essa é a vida que realmente queremos?”. Abaixo da foto, ele insiste: “Brasil, é essa vida que vocês realmente querem?”.
As frases são uma referência ao novo álbum de Waters, que será lançado em junho, e tem como mote o questionamento “Is This The Life We Really Want?”.
Waters já comparou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a um porco, durante um show no ano passado. Por aqui, o regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima, que integra a força-tarefa da operação “Lava Jato”, escreveu em seu perfil no Facebook que “não há como comparar a crise brasileira com a série House of Cards”
Para Carlos Lima, “o que vivemos hoje está mais para The Walking Dead, onde hordas de mortos-vivos, apodrecidos de alma e corpo, passam entre nós, contaminando tudo que poderia ser bom com o vírus da imoralidade e da corrupção”.
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