“Eu não corri para longe, eu corri para o fogo, porque queria saber o que estava acontecendo e ajudar da melhor maneira possível”. A fala é da técnica de enfermagem da Santa Casa de BH, Aline Ferreira Lima, de 30 anos, que teve alta nesta sexta-feira (8), após 11 dias internada por consequências do incêndio que atingiu o 10º andar do hospital na noite de 27 de junho.
Aline trabalhava no Centro de Terapia Intensiva (CTI) no momento em que um princípio de incêndio atingiu o leito 61. Ela contou que ouviu um barulho forte e de princípio achou que um equipamento tivesse caído, mas em seguida pessoas saíram correndo gritando "fogo".
(Santa Casa / Reprodução)
A técnica de enfermagem afirmou que não pensou duas vezes e correu para o lugar de onde as pessoas saíam. Com a ajuda de outros funcionários, eles fizeram o possível para retirar os pacientes que estavam mais desorientados e conduzi-los para fora do hospital. "Graças a Deus a gente conseguiu conduzir e tirar todos os pacientes com vida. Foi muito desespero? Foi. Mas deu tudo certo e agora é só torcer para a recuperação de todo mundo", disse.
Após 11 dias internada no CTI do hospital São Lucas, em frente à Santa Casa, no Santa Efigênia, na região Leste de Belo Horizonte, a técnica em enfermagem foi a última dos 26 funcionários internados após o incêndio a receber alta. Todos tiveram que receber cuidados médicos após inalarem uma grande quantidade de fumaça.
Mesmo após passar tanto tempo como paciente e sentir na pele o outro lado da profissão, Aline afirmou que não faria nada de diferente. Com muito bom humor, a profissional contou ainda que a família chegou a puxar a orelha dela e a obrigou, em caso de uma nova ocorrência do tipo, que se salve primeiro. Mas para a técnica de enfermagem, isso será impossível.
"Eu não pensaria duas vezes se tivesse que fazer novamente. A gente pensa nas vidas. É o nosso setor, é o nosso local de trabalho, é o nosso CTI. Eles podem não ser nossos parentes, nossos amigos, nem nada. Mas é o amor de alguém, é a vida de alguém, e a vida daquelas pessoas estavam na nossas mãos. E se a gente abrisse mão daquilo ali, quem é que ia socorrer?", disse Aline Ferreira Lima.
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