Campanha reforça importância da prevenção de infecções sexualmente transmissíveis
Somente até o início de novembro, mais de 3,6 mil casos de HIV, causador da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids), foram confirmados em Minas. Na tentativa de reforçar junto à população as medidas de prevenção, este mês é marcado pela campanha Dezembro Vermelho, que também buscar reduzir o preconceito e a discriminação enfrentados pelos pacientes.
“Senti como se tivessem aberto um buraco e me jogado dentro, pois sei que poderia ter evitado”, conta Luzia Mendes*, de 46 anos. Ela contraiu o vírus por meio de uma tatuagem, feita há dez anos. “Tudo mudou desde que descobri a doença, há um ano. Minha vida virou de cabeça para baixo. Já não sou mais a mesma pessoa. Hoje, a minha rotina é de casa para o hospital e do hospital para casa”, conta.
Casada e mãe de dois filhos, ela vem se dedicando a cuidar da saúde e agradece todo o apoio que vem recebendo da família. “Estou fazendo meu tratamento, venho a todas as consultas, tomo meu coquetel de remédios certinho. Estou indetectável. Qualquer exame que eu fizer, não consta mais que tenho o vírus”.
Luzia Mendes é paciente do HEM (nome fictício) (Rafael Assis / Fhemig)
Luzia é uma das cerca de 3,5 mil pessoas assistidas por ano no Hospital Eduardo de Menezes (HEM), da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), referência estadual em infectologia e dermatologia sanitária. A unidade conta com equipe multidisciplinar, tratando os pacientes não somente do ponto de vista medicamentoso, mas também social e psicológico.
Também paciente do HEM, Marcelo Esteves*, de 37 anos, diz que o principal sentimento que o HIV traz é medo. “Tenho medo o tempo todo. Medo de contaminar outras pessoas, de gripar, de sair na chuva, de tomar banho frio. Tenho medo dos meus amigos descobrirem. É tudo muito novo para mim”, afirma.
Ele conta que descobriu a doença há dois meses e, desde então, tudo mudou. “Sempre me cuidei muito e, justo quando entrei em um relacionamento com uma pessoa que amava, contraí o vírus. Tem sido um processo muito doloroso para mim e minha família”.
“Eu era uma pessoa que malhava, cuidava do corpo e, em pouco tempo, já perdi bastante peso. Entendi que não vou morrer de HIV, pois vou fazer o tratamento corretamente, mas sei que nunca mais minha vida será como antes”, relata Marcelo Esteves.
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A chefe da Unidade de Pacientes Externos do Hospital Eduardo de Menezes, Luciana Paione de Carvalho, explica que a primeira consulta na unidade acontece por meio de encaminhamento feito pelos centros de saúde dos municípios. “A partir dessa primeira consulta, ele passa a ser acompanhado em definitivo pelo HEM”.
“Aqui, contamos com quatro serviços no Ambulatório: infectologia para pacientes com HIV/Aids, infectologia geral (que atende pacientes que vão fazer uso do Prep ou do PEP), Hospital Dia para pacientes que precisam receber medicações semanais, e o CTA, onde a população pode realizar o teste de HIV anonimamente. Além disso, os pacientes podem pegar toda a sua medicação aqui mesmo na unidade”, detalha Luciana de Carvalho.
Prevenção
O trabalho da SES-MG envolve a prevenção combinada, que reúne diversas estratégias, adaptadas às necessidades individuais e contextuais, visando à saúde integral das pessoas.
"A SES-MG realiza, continuamente, a compra e a distribuição de insumos de prevenção, como preservativos femininos e masculinos, que a população pode acessar nas unidades básicas de saúde", afirma a diretora de Vigilância de Condições Crônicas da SES-MG, Ana Paula Mendes Carvalho.
Atualmente, Minas possui 75 Serviços de Atendimento Especializado (SAE), Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) e Unidades Dispensadora de Medicamento (UDM), em 65 municípios, que realizam assistência especializada às ISTs, com consultas multiprofissionais.
*Nomes fictícios, utilizados para preservar as identidades dos pacientes
* Com informações da Agência Minas
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