Anderson Júnior e Robert Filipe têm um relacionamento de cinco anos (Arquivo pessoal)
Assumir a orientação sexual no ambiente de trabalho nem sempre é fácil devido ao medo de sofrer preconceito ou possíveis retaliações. Um estudo recente da empresa de consultoria Santo Caos, entretanto, apontou que 61% dos profissionais LGBTQIA+ de Minas revelam a orientação sexual nos locais em que trabalham. A média do Estado supera a nacional, que é de 55%.
É o caso do engenheiro químico Robert Filipe da Silva, que trabalha há quase quatro anos em uma indústria farmacêutica. Ele tem um relacionamento de cinco anos com Anderson Júnior e conta que, nessa empresa, sua orientação sexual sempre foi aberta.
"Já entrei assumido e nunca escondi de ninguém. Algumas pessoas já perceberam logo de cara e outras acabaram perguntando e eu contava", explica.
Robert Filipe, à esquerda, está na estatística de mineiros que assume sua orientação sexual no trabalho (Arquivo Pessoal)
Apesar de hoje ser assumido, Robert afirma que também já experimentou o lado oposto da situação. "No meu emprego anterior, entre 2014 e 2016, eu ainda não era assumido para ninguém, mesmo já ficando com homens. Então, consequentemente, também não era assumido no trabalho. É uma situação péssima não poder falar da sua vida em público", diz.
Agora, com maior liberdade, ele comemora que outros profissionais também tenham maior abertura para revelar a orientação sexual e de gênero. "Fui o primeiro homem do meu setor a se assumir gay. Depois de mim veio outro homem gay, que ainda está com a gente, e um homem trans, que foi para outro lugar. É muito bacana ver esse movimento", aponta o engenheiro químico.
O levantamento revelou também que 44% dos profissionais expõem a sua identidade de gênero no ambiente corporativo em Minas. Novamente, a média no Estado é superior à nacional, que é de 40%.
Sobre a pesquisa
O estudo da Santo Caos ouviu 19.488 profissionais de todas as faixas etárias entre novembro de 2020 e abril de 2022. Deste total, a população LGBTQIA+ representa 10,4% (2.034 pessoas).
A Santo Caos tem realizado, desde 2013, diversos estudos autorais sobre temas como engajamento das pessoas LGBTI+ nas empresas, equidade racial e pessoas com deficiência no mercado de trabalho.
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