(Editoria de Arte)
A Polícia Civil investiga a denúncia de que uma mulher, moradora da pacata Muzambinho, na região Sul de Minas, foi a autora do "Ranking do Sexo". Desde quinta-feira (11), quando a lista que rotula e ofende quase 100 mulheres do município tornou-se pública, o assunto tem dominado as rodas de conversa da cidade.
O delegado Sílvio Sérgio Domingues abriu inquérito nesta sexta-feira (12) para apurar quem foi o responsável pelo ranking e afirmou, via assessoria, que uma mulher foi citada como a criadora do ranking. Porém, ele investiga outros suspeitos. "Não tem autoria definida ainda", informou a corporação.
Além do "Ranking do Sexo", o delegado também terá trabalho para investigar novas listas que surgiram na cidade. Uma delas classifica os homens como "os mais caloteiros" e os mais "brigões" da cidade. A apuração, porém, segue em sigilo.
Ocorrência
As vítimas da lista “Ranking do Sexo” começaram a procurar polícia para registrar ocorrência. Com as denúncias, a Polícia Civil em Muzambinho abriu inquérito para apurar o crime. Segundo a corporação, após a repercussão do caso, as vítimas procuraram a delegacia da cidade para exigir que o suspeito de montar a lista seja identificado e punido.
A expectativa é que o inquérito seja concluído dentro de algumas semanas. Nos próximos dias, o delegado Sílvio Sérgio Domingues deve começar a colher os depoimentos das vítimas para elucidar o crime.WhatsApp/Divulgação
Viral
A lista foi difundida pelo WhatsApp e aponta quem seriam as mulheres “mais p.” e os homens “mais gays” do município, incluindo jovens de diversas idades, além de pessoas casadas. Com palavras de baixo calão como “vagabunda”, a lista indica mulheres com quem seria possível conseguir sexo fácil.
Se descoberto, o autor da lista pode responder pelos crimes de injúria, ameaça, calúnia, difamação e falsa identidade. A orientação é para quem se sentir ofendido procurar a delegacia de Monte Belo, município vizinho à Muzambinho, para registrar ocorrência e assinar um termo de representação.
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Denúncia
O presidente da Comissão de Direito Eletrônico e Crimes Cibernéticos da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Minas Gerais (OAB-MG), Luís Felipe Silva Freire, explica que esse é um crime clássico de injúria e difamação, cuja pena pode chegar a até três anos de prisão.
Por ser um crime cibernético, o especialista explica que o mais aconselhável é que a vítima faça um boletim de ocorrência e procure um advogado para adotar medidas para tirar o conteúdo do ar.
“Como nesse caso a lista circulou em grupos de WhatsApp, um aplicativo de mensagens e não uma rede social, não é possível obter ordem judicial para impedir a circulação. Mas é claro que uma investigação policial conseguirá chegar aos autores”, afirma.
O advogado ressalta que, além da injúria, outros tipos de crime podem ser somados, como falsidade ideológica, caso o agressor esteja usando perfis falsos para replicar o conteúdo.
Há também a tipificação de ameaça, se houver algum tipo de intimidação às vítimas. “E todos que compartilham também podem estar sujeitos às punições”, alerta. (Colaborou Raul Mariano e Mariana Durães)