(Arquivo Pessoal/Divulgação)
Poucas mulheres na vida podem afirmar que planejaram tanto um Dia das Mães como a procuradora municipal Norma Maria de Oliveira, que aos 64 anos deu à luz a primeira filha. Neste ano, ela realizará o sonho de mais de 30 anos: ter a filha no colo no segundo domingo do mês de maio.
A pequena Ana Letícia, que nasceu prematura, em Belo Horizonte, ainda está internada para ganhar peso. Mas a previsão é de que deixe o hospital na próxima semana, o que tornará possível o desejo da mineira. "O primeiro Dia das Mães da minha vida será muito emocionante. Estou extremamente feliz e, se Deus quiser, estarei com ela em casa, em João Monlevade", declarou Norma.
A festa para celebrar a chegada da bebê terá que ser adiada, mas amor não faltará, garante a nova mamãe. "Em maio não vai ter festa porque ela é prematura, vou esperar minha filha crescer um pouco e se fortalecer", explicou. Uma semana após o nascimento, a procuradora já viveu várias experiências que, até então, somente povoavam seu pensamento. "Na terça-feira eu amamentei pela primeira vez e ontem (quarta) dei banho e troquei a fralda da minha filha", contou, emocionada.
Sonhos não envelhecem
A batalha para ter a filha nos braços foi longa e custosa, mas o sacrifício é recompensador, afirma Norma. "Pensei que nunca fosse acontecer, mesmo assim eu fui teimando e correndo atrás do meu sonho. As mulheres têm que deixar de ser preconceituosas, muitas acham que estão velhas e não têm condições de ser mãe. Mas se existe um sonho, tem que correr atrás dele", ensina.
Ela explicou porque optou por fazer inseminação artificial depois dos 60 anos. "Não tinha dinheiro para pagar particular, então tive que guardar". A mulher não soube informar quanto investiu em todo o tratamento, mas a médica que acompanhou a gestação estimou que todo o procedimento, incluindo o pré-natal, gira em torno dos R$ 30 mil. "Não custa guardar dinheiro para realizar um sonho", defendeu a mamãe.
Ciência
A ginecologista e obstetra Rita de Cássia Amaral, especialista em gravidez de alto risco que acompanhou todo o tratamento, acredita que a mulher pode ter filho até os 66 anos. "Mas por causa da companhia que vai fazer para o filho", disse. Em questão de saúde, ela observa que muitas mulheres mais novas não estão aptas para gerar uma criança. "Toda paciente para iniciar o tratamento tem que consultar um cardiologista, um endocrinologista e um ginecologista. Se tiver risco para a mãe não é feita a inseminação", explicou.
A especialista revela que a repercussão do caso fez com que outras mulheres acima de 50 anos a procurassem. "Trabalho com pacientes que já tiveram seis abortos. O caso da Norma é único, mas não foi o mais difícil que peguei. É muito emocionante quando a criança nasce. Até hoje, às vezes choro no parto", conta emocionada.Renata Evangelista/Hoje em DiaNorma Maria de Oliveira está ansiosa para levar a filha para casa
Mini-entrevista com Norma Maria de Oliveira:
Quando surgiu o desejo de ser mãe e como conseguiu realizar este sonho?
Estava tentando engravidar desde os 30 anos. Cheguei a ir para Índia fazer inseminação, mas na capital indiana não tinha voo para cidade onde realizaria o tratamento. Isso foi em 2015. Em 2016, um colega me falou de uma clínica, fiz todos os exames e me passaram o tratamento. Fiz todo o procedimento, a fertilização e na primeira tentativa deu certo. Depois de 15 dias fiz o teste de gravidez e deu positivo. Foi muita emoção.
Ser mãe era seu maior desejo?
Sonhei a vida inteira em ser mãe e a maior felicidade que posso ter é ser mãe. Já me realizei profissionalmente, agora realizarei outro sonho.
Com quem Ana Letícia se parece?
Dizem que parece muito comigo. Quando ela nasceu, os médicos falaram que ela é a minha cara.
Como escolheu o nome da filha?
Minha sobrinha deu o nome Letícia e eu acrescentei o Ana. Queria ter uma filha, sempre pensei em ter uma menina. Mas não pensava muito no nome.
Como está a Ana Letícia?
Respira normalmente e não está usando nenhum aparelho. Ela está internada somente para completar o peso
Enfrentou muito preconceito durante a gestação?
Quando ia dar a notícia, muitos me perguntaram: 'Nossa, com essa idade?' e 'Você está doida?'. Por incrível que pareça, os homens foram menos preconceituosos. Eles me incentivaram bastante. Quando contava que estava grávida, alguns colegas beijaram a minha barriga e me abraçaram. A mulher é mais preconceituosa.
Se preocupa com o fato de ter uma expectativa de convivência com a filha menor do que a maioria das mães?
Não me preocupo pois vai ser muito intenso e bom. E ela vai ser uma pessoa muito amada e querida. Agora também estou mais pronta para ser mãe do que antes. Vou ter tempo livre para ela. Minhas atenções serão exclusivas para ela.
Como está sendo a convivência com a bebê no CTI?
Ela já me reconhece. Fico o dia inteiro com ela. Dou banho, troco fraldas e amamento.
Renata Evangelista/Hoje em DiaRita de Cássia Amaral é especialista em gravidez de alto risco