Conta no vermelho

Santas Casas prometem suspender atendimento por 24 horas para conseguir recursos federais

Vanda Sampaio
vsampaio@hojeemdia.com
18/04/2022 às 21:04.
Atualizado em 18/04/2022 às 21:59
 (Gil Leonardi / Imprensa MG)

(Gil Leonardi / Imprensa MG)

Romper o silêncio e cobrar um financiamento adequado para garantir a saúde financeira das Santas Casas. Esse é o objetivo da paralisação no país dos atendimentos eletivos durante 24 horas proposta pela Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos (CMB) para esta terça-feira (19).

Segundo a CMB, o setor filantrópico enfrenta a maior crise financeira com uma dívida de mais de R$ 20 bilhões.

O objetivo é conseguir recursos emergenciais para as mais de 1.800 Santas Casas e hospitais filantrópicos do país que enfrentam dificuldades financeiras para manter as portas abertas.

A expectativa do movimento é conseguir a suspensão das consultas, cirurgias eletivas, oncologia e exames realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os hospitais que vão aderir à paralisação prometem reprogramar os atendimentos para novas datas.

Somente em Minas Gerais são 315 hospitais sem fins lucrativos que foram responsáveis por 67 mil internações e dois milhões de procedimentos ambulatoriais pelo SUS, segundo dados da Federação das Santas Casas (Federassantas).

"Com números tão expressivos de atendimentos pelo SUS, os hospitais sem fins lucrativos não podem ficar no prejuízo e ter a responsabilidade de fazer empréstimos ou ficar pedindo doações", afirma a advogada Kátia Rocha, presidente das Federassantas.

A situação financeira promete ficar ainda mais complicada caso seja aprovado pelo Congresso Nacional o piso salarial para os profissionais da enfermagem. A expectativa da CMB é que a aprovação do projeto tenha um impacto de cerca de R$ 6,3 bilhões no orçamento dos hospitais.

"Como nós podemos melhorar as condições dos nossos trabalhadores se muitas das nossas instituições estão vivendo às custas de empréstimos bancários?", questiona Kátia Rocha.

A advogada acrescenta que "nós não queremos empréstimos bancários, nós queremos custeio adequado com participação de todos os entes federados para que nós possamos dar dignidade  aos nossos trabalhadores e usuários e que nossas instituições tenham sustentabilidade para que as próximas gerações possam usufruir dessa conquista, desse patrimônio social que são os nossos hospitais".

O impacto do projeto de piso nacional dos enfermeiros também será grande no orçamento da Santa Casa Belo Horizonte, maior hospital filantrópico de Minas. Segundo a previsão de Roberto Otto Augusto de Lima, provedor da Santa Casa BH, somente no primeiro ano de vigência, caso seja aprovada a proposta, o custo anual deve aumentar em R$ 105 milhões.

"Contamos com 2.602 enfermeiros e técnicos de enfermagem. É um custo que não temos condições de arcar sem que os repasses do Ministério da Saúde sejam revistos", analisa Roberto Otto.

Apesar de apoiar a paralisação proposta pela CMB e defender a importância do reajuste, a Santa Casa de BH  informou, por meio de nota, que não vai aderir ao movimento por questões contratuais. O hospital atende em média 3.500 pacientes por mês. 

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