Corpo de Clara foi encontrado concretado em uma casa no bairro Ouro Preto, em BH
(Maurício Vieira/Hoje em Dia)
Integrantes de movimentos sociais, amigos e familiares de Clara Maria, jovem de 21 anos brutalmente assassinada no bairro Ouro Preto, região da Pampulha, em Belo Horizonte, realizaram uma manifestação na manhã deste sábado (15) na Praça 7, no centro da capital mineira. O ato exige justiça para a jovem e denunciar a violência contra a mulher.
A manifestação, organizada pelos movimentos feministas "Pão e Rosas" e "Faísca Revolucionária", reuniu centenas de pessoas que carregavam cartazes com frases como "Chega de feminicídio. Justiça por Clara". Os participantes entoaram palavras de ordem e realizaram discursos emocionados, expressando a dor e a indignação diante do crime.
"A ficha só está caindo agora. É um choque. Quando aconteceu eu senti indignação e raiva, um caso acontecendo tão perto de mim, a gente nunca imagina que aconteça", disse Adriana Medeiros, uma das amigas de Clara Maria. "A gente, aqui hoje, quer justiça, porque a gente sabe que Clara gostaria que a gente fizesse. Se fosse com qualquer outra pessoa ela estaria aqui gritando por justiça", declarou.
"Eu não tenho palavras mais para falar o que estou sentido. Não sei se é raiva, se é tristeza, desabafou o namorado de Clara, Leonardo Oliveira. Já Júlia Rangel, outra amiga da jovem assassinada, disse que está sofrendo muito. "Ela queria viver, e isso que está me machucando muito, porque eu sei que ela queria estar viva. Eu sei que ela queria estar lutando pelos sonhos dela", lamentou.
O ato também contou com a presença de representantes de outras entidades estudantis e sindicatos, que se uniram ao coro de justiça por Clara Maria.
O assassinato de Clara Maria causou grande comoção na cidade e reacendeu o debate sobre a violência contra a mulher. A jovem foi brutalmente assassinada por dois homens. A Justiça mineira manteve presos os suspeitos do crime, de 27 e 29 anos.
Os dois passaram por audiência de custódia na sexta-feira (14) e tiveram a prisão convertida em preventiva.
O corpo de Clara Maria foi encontrado na quarta-feira (12), concretado em uma casa na rua Frei Leopoldo. A investigação da Polícia Civil de Minas aponta que ela foi brutalmente assassinada na noite de domingo (9), após sair do trabalho.
Três homens foram conduzidos sob suspeita do crime. Onze pessoas foram ouvidas. Dos conduzidos, dois autores confessos seguem presos. O terceiro suspeito, de 34 anos, foi ouvido e liberado. Nenhum deles tinha passagem pela polícia.
Clara Maria era natural de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, e foi dada como desaparecida desde o último domingo (9). Amigos da jovem contaram que ela adorava andar de skate. Trabalhava em uma padaria artesanal no bairro Ouro Preto. Um colega do trabalho foi quem denunciou o desaparecimento dela.
Pelas redes sociais, o namorado se despediu de Clara, a quem descreveu como uma “pessoa incrível, com um coração imaculado e uma bondade fora do comum”.
“Te conheci por tempo suficiente para saber que você era alguém incrível, com coração imaculado, uma bondade fora do comum. Eu nunca vou te esquecer, independente de quanto tempo passe, você vai ser parte de todos nós. Fica bem”, escreveu o namorado no Instagram.
De acordo com o Boletim de Ocorrência, testemunhas relataram à polícia que Clara trabalhava em uma padaria e saiu do serviço no domingo (9), por volta das 22h, para se encontrar com o suspeito - dono da casa onde o corpo foi encontrado - para receber o pagamento de R$ 400, que ela teria emprestado a ele..
Desde então, a jovem não foi mais vista. Na madrugada de segunda-feira (10), por volta de 2h50, uma das testemunhas recebeu uma mensagem enviada do celular de Clara Maria. Mas desconfiou do "linguajar utilizado" e acionou a polícia.
Na quarta (12), os agentes da Polícia Civil se deslocaram até a casa do suspeito e, antes mesmo de entrarem, sentiram “um cheiro de podridão”. O dono da casa autorizou a entrada e os policiais questionaram o homem, que primeiro negou qualquer envolvimento mas depois admitiu que a mulher estava enterrada no local. Na sequência, relatou a participação de outros dois homens no crime.
O corpo da jovem foi encontrado em uma casa no bairro Ouro Preto na manhã dessa quinta-feira (13). De acordo com o Corpo de Bombeiros, estava enterrado e coberto por uma camada de concreto, mas a mistura não se encontrava completamente "seca/ rígida" - o que indicava ter sido feita pouco tempo antes de os militares a encontrarem.
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