A morte de um jovem que morava em Pará de Minas, na região Central do Estado, pode ter relação com o macabro jogo Baleia Azul. A suspeita foi levantada pela mãe da vítima, que tinha 19 anos. Conforme a mulher, há aproximadamente um mês o filho participava dos desafios propostos pelo "Blue Whale”, como também é conhecido.
No jogo, que tem duração de 50 dias, os usuários participam de desafios diários, como assistir filmes de terror por 24 horas, cortar a própria pele e, por fim, dar cabo à a própria vida. Aos militares de Pará de Minas, a mãe do jovem contou que o filho negou que fosse se matar. Porém, na quarta-feira (12), ele foi encontrado morto dentro de casa. Ao lado do corpo, a PM apreendeu cartelas de um remédio de uso controlado. O corpo será periciado.
O celular do rapaz foi apreendido e será periciado pela Polícia Civil para confirmar ou descartar se a morte tem relação com o Baleia Azul. O caso foi encaminhado para a Delegacia de Crimes Contra à Vida da cidade e um inquérito será instaurado.
A mãe do jovem já foi ouvida pelo delegado de plantão de Pará de Minas, Carlos Henrique, e confirmou que o filho jogava o Baleia Azul. A polícia vai apurar se teve crime de induzimento, instigação ou auxílio a suicídio. O jovem foi descrito pelos familiares como trabalhador e educado. Nos últimos dias, contudo, havia mudado de comportamento. Ele deixa um filho de um mês.
Outro caso suspeito também está sendo investigado no Mato Grosso. Uma menina de 16 anos pulou do alto de uma represa, no bairro Inconfidentes, região central de Vila Rica. Ela também estaria supostamente participando do macabro jogo. As autoridades locais apuram o caso como prioridade máxima e aguardam laudos periciais do celular da vítima e do notebook do namorado dela.
Especulações ou realidade?
Apesar de dois casos suspeitos sob investigação no Brasil, o psiquiatra Daniel Martins de Barros alerta que autoridades russas, país onde o jogo foi criado, não chegaram à comprovação de que os suicídios ocorrridos por lá teriam como causa o Baleia Azul.
Em artigo publicado no site de notícias Estadão, o especialista defendeu que "trata-se de um boato, surgido pela interpretação distorcida de uma notícia antiga, de um ano atrás, que voltou às manchetes depois de repercutir na imprensa inglesa (...). A verdade, no entanto, é que nenhum caso foi ligado de fato ao jogo", aponta o médico no texto.
Na publicação, o especialista questiona o porquê de o caso ter alcançado repercussão mundial e ele mesmo apresenta uma hipótese. "Em primeiro lugar, porque ninguém sabe exatamente a razão de o suicídio entre jovens crescer no mundo todo, Brasil inclusive. Diante da angustiante ausência de explicações qualquer motivo que tenha ares de resposta encontra terreno fértil para se multiplicar. Moral da história: a notícia da Baleia Azul pode ser exagerada, mas os perigos que ela traduz são tão presentes que todo mundo acreditou. Na dúvida, então, não custa dar ouvidos ao alerta que ela fez".
Perigo
A orientação de especialistas é que os pais fiquem atentos à nova moda. A recomendação é que os filhos sejam constantemente monitorados, tanto
na vida real quanto no mundo virtual. Segundo a psicóloga, psicopedagoga e professora universitária Sylvia Flores, os pré-adolescentes são mais suscetíveis a participar de jogos como o Baleia Azul por perderem mais facilmente o senso de realidade. “A cada tarefa concluída, ele se sente mais poderoso”, observa.
Flores alerta que é fundamental que os pais observem quantas horas de sono o filho está tendo. Ela explica que a privação do sono é uma das piores torturas. "O sono faz parte da saúde mental. Quando sofre privação do sono, muito rapidamente a pessoa perde a noção da realidade e entra em estado psicótico”, exemplifica. “Essas estratégias podem levar uma pessoa a cometer suicídio”, afirma a especialista.
Outra orientação dos especialistas é que os responsáveis monitorem todas as redes sociais dos menores, inclusive conversas no WhatsApp. Destas conversas, os pais podem ter um indicativo de problemas enfrentados pelos filhos.
Serviço
O Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo. O serviço funciona 24 horas por dia pelo telefone 141, por e-mail, chat ou Skype.
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