A Agência Nacional de Mineração (ANM) informou que a velocidade de deformação do talude norte da cava da mina Gongo Soco, em Barão de Cocais, na região Central de Minas, aumentou cerca de 3 centímetros (cm) em um intervalo de 12 horas. Em alguns pontos isolados do paredão, a movimentação atingiu 23,9 cm. Na média, conforme divulgado nesta terça-feira (28) pela ANM, a deformação é de 19,5 cm.
De acordo com a Defesa Civil, a queda do talude pode acontecer a qualquer momento, mas existe a possibilidade de que essa situação não provoque um grande abalo sísmico, que poderia interferir na estrutura da barragem Sul Superior, localizada a 1,5 km da mina. Como a deformação progressiva do talude não acontece da mesma maneira em diferentes pontos do paredão, existe a chance de que haja um carreamento de terra para dentro da cava e uma acomodação do material, evitando assim um rompimento brusco.
Na semana passada, a Vale havia feito um prognóstico de que o talude iria se romper até sábado (25), o que não aconteceu. Em nota divulgada nesta terça, a mineradora informou que as últimas análises da movimentação do talude norte apontam para a maior probabilidade de um deslizamento do material para dentro da cava, o que diminui a possibilidade de impacto na barragem Sul Superior.
"Hoje temos mais elementos de análise sobre o comportamento do maciço, nos mostrando que está acontecendo um deslizamento para o fundo da cava. Com isso, há uma grande possibilidade do talude se acomodar dentro da cava, sem maiores consequências", explica Marcelo Barros, diretor de Operações da Vale.
Perigo em barragem
A grande preocupação com o desabamento do talude é de que a vibração causada seja suficiente para romper a barragem de rejeitos Sul Superior da mina, que fica a 1,5 quilômetro (km) da cava. Caso isso ocorra, em cerca de cinco minutos o distrito de Barão de Cocais mais próximo da estrutura pode ser atingido.
Neste cenário, o mar de lama provocaria a devastação de parte do município e de outras duas cidades vizinhas - Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo. Nas três cidades, a população que precisará ser retirada de casa para não ser levada pela lama ultrapassa 10 mil pessoas. Todos esses municípios já passaram por simulados de evacuação para saber para onde correr em caso de rompimento da barragem.
A Defesa Civil disse que está preparada para agir, caso haja rompimento da barragem Sul Superior, que está no nível 3 desde março – ou seja, com risco iminente de rompimento. A Vale frisou que tanto o talude quanto a barragem são monitorados 24 horas por dia e as previsões são revistas diariamente.
Risco
A barragem Sul Superior teve nível de segurança elevado a 3, que indica risco iminente de ruptura, em 22 de março. No dia 13 deste mês, a Vale informou às autoridades que o talude da mina da represa poderia desmoronar, ocasionando abalo sísmico que poderia fazer com que a Sul Superior se rompesse.