(Arquivo Hoje em Dia)
O Ministério Público Federal (MPF) em Minas negou que as interceptações telefônicas realizadas durante a investigação sobre o rompimento da barragem da Samarco em Mariana tenham ocorrido fora do prazo estabelecido pela Justiça. "Na verdade, as interceptações indicadas pela defesa como supostamente ilegais sequer foram utilizadas na denúncia, por isso, não teriam o condão de causar nulidade na ação penal."
A Procuradoria disse ainda que "mesmo assim, respeitando o direito de defesa, o MPF concordou em esclarecer a questão e pediu, como mostra a decisão, que fossem oficiadas as companhias telefônicas para que esclareçam os períodos de efetivo monitoramento de cada terminal." A PF, que também analisou as escutas, disse que "até o presente momento, não foi, oficialmente, comunicada sobre o fato pela Justiça".
Em 17 de fevereiro, os delegados da Polícia Federal Alexandre Leão, chefe da delegacia regional de combate ao crime organizado, e Roger de Lima Moura, chefe do inquérito que investigou o rompimento da barragem, afirmaram ao jornal O Estado de S. Paulo desconfiar de que a Samarco vinha tentando esconder informações.
Os delegados disseram ainda que já haviam sido constatadas divergências nos depoimentos de representantes da empresa, sobretudo em relação ao número de piezômetros, que são equipamentos utilizados para medir a pressão de líquidos dentro de estruturas - no caso específico, na barragem de Fundão.
Precariedade
A troca de mensagens entre diretores da Samarco, que estavam em aparelhos eletrônicos apreendidos pela PF, mostraram também que a cúpula da mineradora não só foi informada de problemas com a represa como articulava estratégia para lidar com a precariedade da estrutura. Nas conversas, Vescovi, ao saber de trincas na estrutura, em agosto de 2014 diz "O quê? Ai, ai, ai".
As conversas foram obtidas pelos delegados em busca e apreensão nas plantas da Samarco nas cidades de Mariana (MG) e Anchieta (ES). No caso, o interlocutor, Kleber Terra, ex-diretor de Operações da Samarco também acusado, afirma ao chefe que a situação estava sob controle. A defesa de Vescovi e Terra foi a que conseguiu na Justiça a suspensão da ação criminal em Ponte Nova.
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