Lippia aonae é endêmica da região e cresce em formações típicas do Cerrado, entre 900 e 1,25 mil metros de altitude
Lippia aonae tem altura de 40 a 60 centímetros, possui folhas aromáticas e pegajosas que brilham ao sol (IEF/Divulgação)
Uma nova espécie de arbusto raro, da família da Lavanda, foi encontrada em expedições na cadeia da Serra do Espinhaço, no Norte de Minas. A Lippia aonae é endêmica da região e cresce em formações típicas do Cerrado, entre 900 e 1,25 mil metros de altitude. O trabalho reforça a necessidade de preservação dos campos rupestres, um dos ecossistemas mais ricos e ameaçados do Brasil.
A descoberta foi feita por pesquisadores das universidades Federal de Juiz de Fora (UFJF), de São Paulo (USP) e do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), a partir de uma coleta, em outubro de 2023.
As expedições, realizadas como parte do Plano de Ação Territorial para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção (PAT Espinhaço Mineiro), também percorreram os parques estaduais Caminho dos Gerais e Serra Nova e Talhado, administrados pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), onde as espécies foram registradas.
O arbusto, com altura de 40 a 60 centímetros, possui folhas aromáticas e pegajosas que brilham ao sol. Apenas duas subpopu-lações foram registradas, ambas localizadas em áreas protegidas dos parques estaduais.
Com uma área de ocupação restrita a 12 quilômetros quadrados, a planta foi classificada como vulnerável, segundo critérios da International Union for Conservation (IUCN). Essa avaliação ressalta o papel essencial das unidades de conservação para garantir a sobrevivência de espécies ameaçadas.
O estudo que levou à identificação da Lippia aonae incluiu ilustrações detalhadas, análises morfo-lógicas e um mapa de distribuição. A iniciativa também integra esforços para a produção de um livro ilustrado sobre a flora da região de Monte Azul, cidade próxima às áreas de descoberta.
A nova espécie foi batizada em homenagem à professora Lidyanne Aona, curadora do Herbário HURB na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), como reconhecimento pela contribuição dela à botânica brasileira.
O território do PAT Espinhaço Mineiro abrange uma área com 105.251 quilômetros quadrados, perpassando os biomas Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica.
O plano é voltado para 24 espécies classificadas como Criticamente em Perigo (CR), sendo 19 da flora, três de peixes e duas de invertebrados. Entretanto, os benefícios das ações do plano também serão refletidos em pelo menos outras 1.787 espécies ameaçadas, presentes no território.
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