BRASÍLIA - Eleito nesta quarta-feira (26) em votação apertada e que deu sinais de que a bancada evangélica continua com influência na Comissão de Direitos Humanos da Câmara, o deputado Assis do Couto (PT-PR) integra a Frente Parlamentar contra o aborto da Casa e já enfrenta críticas de parte de ativistas nas redes sociais. O petista admitiu que pessoalmente é contrário à interrupção da gravidez de forma indiscriminada, mas afirmou que suas convicções não vão interferir nos debates do colegiado. Questionado sobre a participação na Frente Parlamentar Mista em Defesa da Vida e Contra o Aborto, indicada pelo sistema eletrônico da Câmara, ele disse que ainda precisava confirmar. "Até tenho que lembrar dessa frente parlamentar. São centenas de frentes, eu assino por exemplo a frente dos ruralistas e não quer dizer que concorde com as teses lá debatidas. Portanto, o fato de assinar, não implica que eu concorde com o tema da forma colocada." O congressista defendeu que há situações em que o aborto precisa ser discutido como questão de saúde pública. "Eu sou católico, tenho um princípio familiar que é contra o aborto de forma indiscriminada, aberta. No entanto, tenho um entendimento de que o Estado tem um papel, tem um problema de saúde pública gravíssimo em torno dessa questão e que muitas vezes escondemos isso atrás de uma questão religiosa", disse. E completou: "Sei discernir muito bem o papel do Assis do Couto pai de família, católico, do Assis do Couto homem público, parlamentar, que tem que lidar com as questões de Estado, de saúde pública. Não podemos misturar as coisas e acho que o movimento feminista saberá entender a minha opinião", disse. A escolha de Couto para a CDH desagradou alguns militantes de direitos humanos, que se manifestaram em rede social criticando a opção por um deputado sem sólida trajetória em temas de direitos humanos e com posições tidas como conservadoras. Os militantes preferiam a indicação de um nome que fizesse contraponto aos meses em que a comissão foi liderada por Feliciano. Evangélicos O petista é ligado à agricultura familiar, é considerado de perfil mais moderado e integra a corrente Movimento PT. Couto derrotou, por 10 a 8 votos, a candidatura avulsa do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), que foi apoiado pelos evangélicos. A candidatura de Bolsonaro foi articulada pelo deputado Marco Feliciano (PSC-SP), que comandou a comissão no ano passado e foi alvo de críticas de ativistas gays e negros. Das 18 cadeiras titulares, os religiosos ficaram com oito, mas ainda indicaram cinco suplentes. A nova composição indica que os debates da comissão serão decididos em disputas acirradas. No ano passado, com a confusão de Feliciano, a bancada tinha 12 cadeiras.