Odebrecht pagou US$ 200 mi a políticos latino-americanos em Andorra, diz jornal

Estadão Conteúdo
10/11/2017 às 16:48.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:38

Investigações em Andorra apontam que a Odebrecht pagou US$ 200 milhões de propina a políticos, funcionários, empresários e "laranjas" de oito países. As informações foram divulgadas nesta sexta-feira, 10, pelo jornal El País, da Espanha.

No fim de setembro, a reportagem do Grupo Estado teve acesso a documentos confidenciais do inquérito no principado. À época, a reportagem revelou que a empreiteira apresentava políticos a bancos naquele país com o objetivo de que abrissem contas que seriam usadas para receber propina.

De acordo com o jornal, os recursos foram depositados no banco BPA, Banca Privada d'Andorra (BPA) - junto com Meinl Bank de Antígua e Barbuda, foi a instituição financeira internacional mais usada pelo dono da empreiteira, Marcelo Odebrecht, hoje preso em Curitiba.

O esquema consistia na Odebrecht usando as off-shores Aeon Group e Klienfeld Services Limited para realizar os pagamentos e nos funcionários do BPA criando sociedades no Panamá para ocultar os verdadeiros titulares das contas. Os investigadores identificaram mais de US$ 200 milhões de pagamentos feitos somente por meio de Klienfeld.

Os documentos aos quais o El País teve acesso mostram que políticos, advogados, funcionários e membros do alto escalão do Equador, Peru, Panamá, Chile, Uruguai, Colômbia, Brasil e Argentina abriram contas no BPA. Contas de 145 clientes foram investigadas pelas autoridades andorranas.

Em 2015, o governo de Andorra interveio no BPA por suspeitas de lavagem de dinheiro. Após fortes pressões internacionais, o país deixou de ser paraíso fiscal em 2016.

O jornal espanhol chamou o escândalo de corrupção da Odebrecht de "uma bomba política" que revelou propinas em 12 países latino-americanos e cujos "estilhaços" impactaram contra os presidentes do Brasil, Michel Temer, da Colômbia, Juan Manuel Santos, e da República Dominicana, Danilo Medina. O noticiário do El País ainda aponta que a "onda" também alcançou os ex-presidentes do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva e do Peru Ollanta Humala, hoje preso por escândalo de corrupção.

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