(Ingred Souza/Divulgação)
O orçamento escasso do Hospital Risoleta Tolentino Neves, qua atualmente acusa um déficit de quase R$ 2,5 milhões, está fazendo com o que a direção da unidade de saúde precise realocar recursos para não comprometer os atendimentos mais graves. Essa foi a justificativa apresentada nesta quarta-feira (13) em audiência da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) pelo diretor-geral, Henrique Oswaldo da Gama Torres, para o encerramento da ala de pediatria.
Segundo torres, até 2013 o modelo de financiamento adotado para o hospital era satisfatório, com aporte de recursos do Estado e da União, cada um contribuindo com 50% do dinheiro. Contudo, a unidade começou a enfrentar dificuldades ao fim de 2014. “Corríamos o risco de inviabilizar o hospital a partir daquele momento”, considerou.
Ele afirma que mesmo sem reajustes no orçamento mensal foi necessária a chegada de recursos emergenciais do Ministério da Saúde entre o fim de 204 e o início de 2015 para estancar os crescentes problemas. Em abril do mesmo ano, após negociações com o Estado e a Prefeitura de Belo Horizonte, R$ 3 milhões, metade de cada ente, foram repassados. Com isso, a unidade chegou a R$ 14,5 milhões, contudo as estimativas de custo já superavam o valor.
“Dos 14,5 milhões que recebemos, projetamos a necessidade de financiamento de R$16,5 milhões”, disse. De acordo com o diretor, a estimativa de mais recursos seria alavancada pela inflação, a alta do dólar (que impacta nos insumos hospitalares) e a necessidade de se fazer acordos coletivos de trabalho.
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Com isso, a interrupção do atendimento pediátrico foi uma solução para não comprometer outros atendimentos prioritários. “A representatividade assistencial da pediatria do Risoleta é menor do que os outros perfis de pacientes graves que temos lá, como pacientes com trauma grave, idosos frágeis, com AVC. A pediatria é relatividade de baixa complexidade no Risoleta”, disse o diretor.
A diretora de política hospitalar da Secretaria de Estado de Saúde, Marineide Gonçalves, disse que, no que se refere ao cofinanciamento do hospital, o Estado é responsável pela contrapartida de R$7,8 milhões mensais e que a secretaria tem tentado não fugir à sua responsabilidade. Ela também lembrou da existência da cláusula contratual que prevê o reajuste no orçamento destinado à instituição e disse que a secretaria, embora não se furte desse compromisso, espera um momento mais adequado para cumpri-lo, tendo em vista a situação delicada por que passa o Estado no que se refere à disponibilização financeira.
Para a Sociedade Mineira de Pediatria, a situação entristece, apesar de haver o entendimento da conduta adotada pelo hospital. “Quando vemos um hospital estratégico como o Risoleta, vemos que poderia ter mais atendimentos pediátricos e com mais complexidade”, afirmou Cláudio Drummond Pacheco.