'Sargentão', adepto do 4-4-2 e revelador de talentos; conheça o trabalho de Paulo Bento

Duarte Tornesi
Especial para o Hoje em Dia
12/05/2016 às 01:13.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:23
 (AFP)

(AFP)

Jornalista esportivo Duarte Tornesi, do diário português “O Jogo”, analisa a carreira do novo técnico do Cruzeiro, Paulo Bento:

Famoso pela entrega e sentido tático nos seus tempos de jogador, onde chegou a representar Benfica e Sporting, Paulo Bento começou como técnico nos juniores dos Leões após o fim da carreira, em 2004. Na primeira aventura pelos bancos, conquistou o campeonato nacional da categoria, e o bom trabalho realizado nas camadas jovens valeu­lhe a chamada à equipe principal, onde substituiu José Peseiro, em outubro de 2005.

Adepto de um sistema de 4-4-2 em losango, do qual raramente abdicou em Alvalade, Bento deu nas vistas pelo estilo “sargentão” e disciplinador que não olhava nomes: chegou a afastar Liedson, uma das grandes figuras da altura no Sporting, por este ter dito que o ambiente de treinos era semelhante ao de um “quartel general”. À fama de durão colou­-se a de homem polêmico, que chegou a ser acusado de estar a “incendiar o futebol” com constantes críticas às arbitragens.

Na sua carreira, também foi responsável pelo lançamento de vários jogadores jovens. Durante os cinco anos em que esteve no comando técnico do Sporting, Bento lançou talentos como Rui Patrício, Miguel Veloso, Nani e Pereirinha, jogador que atualmente representa o Atlético-PR e foi decisivo no crescimento competitivo de João Moutinho.

Em novembro de 2009, poucos meses depois de o presidente do Sporting ter lançado a famosa frase: “Paulo Bento forever”, o novo treinador do Cruzeiro foi despedido e saiu do clube verde e branco com duas Taças de Portugal e duas Supertaças de Portugal, mas nenhum Campeonato Português conquistado. Na Champions League, conseguiu chegar às oitavas de final por duas vezes, sendo que na última acabou eliminado pelo Bayern de Munique por um histórico 12 a 1, no somatório das duas eliminatórias.

Após o descalabro da Seleção Portuguesa no Mundial de 2010, onde vieram à tona vários problemas entre Cristiano Ronaldo e o então técnico Carlos Queiroz, demitido após a chegada da África do Sul, Bento foi chamado para colocar ordem na equipe das Quinas. Sob o seu comando, Portugal voltou a entrar nos eixos com um sistema defensivo forte e um ataque baseado no talento de CR7. E os problemas disciplinares tiveram tolerância zero: Ricardo Carvalho foi uma das vítimas, e só voltou à equipe pela mão de Fernando Santos.

Na Eurocopa de 2012, a equipe só foi travada pela Espanha nas semifinais, após um desempate em grandes penalidades. E, apesar de alguns sobressaltos, a qualificação para o Mundial de 2014 também foi garantida.

Apesar do fracasso no Brasil, onde Portugal não passou da fase de grupos, a Federação Portuguesa decidiu bancar a permanência do contestado técnico, acusado de ser demasiado conservador nas suas opções. Mas, após uma escandalosa derrota em casa, frente à Albânia, no arranque da qualificação para a Euro 2016, o técnico acabou por ser demitido. Segue­-se agora à aventura no Brasil.

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