(Divulgação PCMG)
Quase após um ano do rompimento da Barragem de Fundão da Samarco Mineração, em Mariana, a sobrevivente Darci Francisca dos Santos, de 63 anos, reencontrou parte da equipe de policiais civis e bombeiros militares que a resgatou, de helicóptero, em meio à lama.
Emocionada, ela falou dos momentos de angústia que viveu à espera do resgate, quando chegou a pensar que iria morrer. "Os helicópteros passavam e não me viam. Quando iam embora, eu pensava: agora não tem jeito mais. Mas quando colocaram a luz em mim, pensei, agora estou salva", contou.
Darci que perdeu um neto na tragédia teve um encontrou nesta segunda-feira (17) com o delegado geral de polícia e piloto de helicóptero, Ramon Sandoli, com o investigador de polícia e piloto, Luiz Cláudio Octaviano, com o soldado João Felipe Mota e com o sargento Márcio Ferreira, integrantes do Batalhão de Buscas e Salvamento do Corpo de Bombeiros Militar. Foram eles, acompanhados de outros dois colegas, que encontraram Darci cerca de duas horas após o rompimento da barragem."Realizar o salvamento foi muito gratificante. Nessa hora não teve tempo de ter medo, mas sim coragem e disposição para tomar a atitude. Certamente, é um fato muito marcante para a vida da gente", ressalta Sandoli.
A vítima da tragédia ainda prestou depoimento na 5ª Delegacia Regional de Polícia de Ouro Preto.Ela foi ouvida pelo delegado responsável pelas investigações, Rodrigo Bustamante. "A senhora prestou depoimento para falar das lesões sofridas e das sequelas que ficaram após o fato. A intenção do inquérito é verificar se há vinculação entre sequelas e lesões", explicou.
Ainda de acordo com o delegado, outras seis pessoas já foram ouvidas, entre vítimas, testemunhas e um médico. Além dos depoimentos, são realizados exames de corpo de delito indireto, com base em laudos e relatórios médicos do atendimento prestado na época e também por exame complementar realizado pela equipe do Posto de Medicinal Legal. Este é o terceiro inquérito da Polícia Civil e investiga as lesões corporais graves provocadas pelo desastre. Segundo Bustamante, o prazo para conclusão do trabalho é de 30 dias, podendo ser prorrogado por igual período se houver necessidade.
Outros dois inquéritos foram instaurados. O primeiro foi aberto em 6 de novembro de 2015 para apurar os fatos e circunstâncias que deram causa ao rompimento da barragem, homicídios, delitos de perigo comum e contra a saúde pública. Sete pessoas foram indiciadas pelos crimes de homicídio qualificado, inundação e corrupção ou poluição de água potável. O inquérito foi enviado à Justiça no dia 23 de fevereiro deste ano.
O segundo procedimento foi instaurado pela Polícia Civil em 22 de fevereiro, para apurar crimes ambientais e licenciamentos da Barragem de Fundão. Ambos estão com o Ministério Público Federal.
História
O acidente com a barragem Fundão, da Samarco, foi no dia 5 de novembro de 2015. Com o vazamento, um mar de lama com rejeitos de minério destruiu vilarejos e resultou na morte de 17 pessoas e 2 desaparecidas.
A lama ainda atingiu rios em Minas Gerais e o mar no Espírito Santo. Segundo o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), 663 km de rios foram diretamente impactados nos dois estados.
No trajeto, várias espécies da fauna e da flora foram destruídas por aproximadamente 40 bilhões de litros de rejeitos de minério.
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