M2 é um cupê de “alfaiataria”
(Marcelo Jabulas/Divulgação)
Certa vez escrevi neste espaço que o BMW M2 foi o carro mais legal que já tinha testado. Muitos anos se passaram e o cupê alemão ainda segue no topo da lista, rivalizando com um clássico Porsche 993 Carrera.
Agora voltei a me encontrar com o M2, em sua geração atual. Desde já, é preciso deixar claro que o seu antecessor era infinitamente mais bonito. Tinha cara de BMW.
O atual segue a tendência de recortes retilíneos, que sinceramente não me agradam muito. Isso sem falar da seção frontal. A marca alemã tem experimentado demais na carranca de seus carros e, na maioria das vezes, tem errado.
Se as linhas geram controvérsia, o pacote encanta. O M2 é um cupê de “alfaiataria”. Um carro feito sob medida: 4,5 metros de comprimento, quase 2,75 m de entre-eixos. A medida extra deve-se ao espaço dedicado para o clássico seis cilindros 3.0 biturbo, que precisa de muito espaço para se acomodar.
O motor entrega impressionantes 480 cv e 61 kgfm de torque. São 110 cv a mais que o M2 de geração passada. É quase um Chevrolet Onix a mais na cavalaria.
O bloco é combinado com uma transmissão automática de oito marchas e tração traseira. Este é um ponto crucial no M2 e que faz dele um carro peculiar.
A BMW há um bom tempo se enveredou pela tração integral. De fato a distribuição de torque nas quatro rodas torna o carro mais preciso, seguro e com melhor performance.
Mas a tração traseira é o “molho” que faz um carro comum se tornar apetitoso. Seus irmãos maiores, M3, M4 e M5 utilizam tração integral, mas ainda permitem direcionar o torque só para as rodas traseiras. O M2 não precisa de nada disso, é raiz na essência.
Quando se acomoda no BMW M2, a posição de dirigir deixa clara as pretensões deste cupê. Baixinho, o motorista se afunda nele. Os bancos encaixam perfeitamente ao corpo.
O quadro de instrumentos integrado com o multmídia e demais comodidades da gama BMW, como comandos por voz, conectividade, climatização digital e assistentes de condução, fazem o motorista se distrair momentaneamente.
Mas basta dar a partida para o M2 te lembrar de quem ele é. Com pista livre, a ordem é pisar fundo. O motor enche rápido e as trocas são imediatas. Logo na primeira curva as borboletas reduzem as marchas com rapidez e auxiliam os freios.
Num carro como o M2 é impossível não avançar numa curva sem provocar o acelerador, só para sentir as rodas traseiras perdendo aderência. Sim, ele rabeia, mas logo a eletrônica entra em ação e corrige a rota.
Mas é possível desabilitar tudo. No entanto, só recomendo para motoristas muito experientes. E mais: só o faça na pista, pois o risco de perder a traseira e não buscá-la mais é enorme.
Na pista, o M2 é um absurdo de gostoso. Por ser o menor M da gama, ele tem muito mais chão que os demais modelos. Por ser mais leve, também não “espalha” tanto na pista.
As acelerações são furiosas, e mesmo num circuito travado, ele ganha velocidade com muita rapidez em não precisa de muita pista. Depois de algumas voltas, encostei o danado nos boxes e renovei meus votos: o M2 continua no topo da lista.