Esporte ajuda a criar foco, atenção, ensina a lidar com a derrota e até a antecipar a resolução de problemas
Xadrez pode contribuir para o desenvolvimento dos jovens (Reprodução / Instagram Federação Mineira de Xadrez)
A prática do xadrez pode contribuir, e muito, para o desenvolvimento de crianças. Além de estimular a atenção e o raciocínio lógico dos jogadores, pode trazer ganhos para a aprendizagem, aumento da confiança e autoestima.
A avaliação é do professor do departamento de Educação Física da UFMG e doutor em neurociências Guilherme Lage. Para ele, o xadrez pode tornar as crianças mais confiantes e seguras de si, além de promover o desenvolvimento social, ao ensinar sobre derrota, como se relacionar e entender o adversário.
“O xadrez é importante para a autoconfiança e autoestima das crianças. Elas podem entender que possuem uma capacidade mental que possibilita ter recursos e ferramentas em determinadas situações. A participação em clubes de xadrez, a oportunidade de competir, aprender a ganhar e perder, entender essas relações que sempre vão estar nas nossas vidas”, diz.
No xadrez, cada movimento do jogador é pensado com três rodadas de antecedência. De acordo com Lage, essa preocupação com o futuro, sem tomar atitudes precipitadas, é um dos exemplos de ganho para o desenvolvimento das crianças.
“O xadrez demanda a aprendizagem de estratégias, a pessoa antecipar, ter uma visão prospectiva do que aquela ação irá gerar no futuro. Isso acaba auxiliando na resolução de problemas - não só problemas imediatos, mas também problemas no futuro, ou seja, você faz uma jogada agora pensando o que ela vai impactar, duas, três, quatro ou cinco jogadas para frente”, destaca.
Muitos pais perguntam qual a idade certa para inserir crianças na prática do xadrez. A realidade é que não existe uma faixa etária ideal. Segundo Guilherme Lage, é necessário avaliar o desenvolvimento cognitivo da criança, o grau de atenção e maturidade, e também o interesse dela naquilo.
“Os esportes, em geral, têm dificuldades em definir as idades certas para começar. Em algumas práticas, é preciso analisar as capacidades físicas da criança, mas em esportes mais mentais, como jogos eletrônicos e xadrez, temos que pensar nas capacidades cognitivas, no grau de maturação daquele jovem. O interesse da criança no xadrez também é um fator determinante”, destaca.
Ainda de acordo com o pesquisador, os pais que queiram inserir as crianças no xadrez devem ter alguns cuidados. Primeiro, é preciso que o jovem goste de praticar o esporte, para depois ser inserido de vez no vasto mundo dos tabuleiros.
“É começar sem a exigência de alta demanda. Começar na formação lúdica para que a criança tenha prazer em praticar o esporte, para depois direcionar mais as cargas de instruções e quantidade de práticas”, conclui Lage.
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