Grande BH agoniza: vagas de UTI também acabam em cidades da região metropolitana

Luiz Augusto Barros e Marina Proton
horizontes@hojeemdia.com.br
24/03/2021 às 08:11.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:29
 (Ascom HGF/Divulgação)

(Ascom HGF/Divulgação)

A exemplo do que ocorre na capital mineira, a falta de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) atinge várias outras cidades da região metropolitana. Em pelo menos seis desses municípios, a taxa de ocupação ultrapassa 90%, sendo que a situação é mais grave em Ibirité, Santa Luzia, Sete Lagoas e Vespasiano, onde não há mais vagas nas unidades de saúde.Ascom HGF/Divulgação

Com o colapso nos hospitais particulares, a ocupação geral dos leitos de terapia intensiva em Belo Horizonte chega a 102,3%, deixando pacientes na fila de espera

Na tentativa de desafogar o sistema, a Prefeitura de Belo Horizonte abriu ontem mais 27 leitos de UTI Covid na rede pública, o que reduziu a utilização no SUS de 101,4% para 93,8%. No entanto, com o colapso nos hospitais particulares, a ocupação geral das terapias intensivas é de 102,3%.

A ampliação dos leitos públicos na capital contribuirá também com os outros municípios mineiros, pois, segundo a PBH, desde o início do ano, 9% das solicitações de internação por suspeita de infecção pelo novo coronavírus são de diferentes cidades.

residente da Granbel)

Segundo a prefeita de Vespasiano, Ilce Rocha, que também é presidente da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de BH (Granbel), as cidades já estão colapsando ou já chegaram à capacidade máxima de internações. “Muitas não têm espaço para ampliação de leitos. O recurso é buscar Belo Horizonte, que também já está no limite”.

Em Ibirité, apesar da ampliação de vagas para o tratamento de pacientes com Covid, a ocupação já é de 100%. O cenário se repete em Santa Luzia e Vespasiano. Em Sete Lagoas, o índice é de 114,5% e alguns doentes precisaram ser deslocados para leitos não cadastrados no SUS.

Contagem também vive momento dramático. Atualmente, 97% das vagas nas UTIs destinadas aos infectados pelo vírus estão ocupadas. Em Betim, a situação é alarmante, com 90,2% dos leitos cheios. Já em Sabará, os pacientes são acomodados em enfermarias - que têm 88% das unidades em uso -, até serem transferidos a hospitais da capital.

Lockdown

Para frear o coronavírus, um “lockdown generalizado” é a solução, diante da lentidão na campanha de vacinação, considera o infectologista Unaí Tupinambás, do Comitê de Enfrentamento à Covid de BH. “Estamos vivendo o momento mais tenso, mais dramático. A população tem que entender, não tem outra saída, a não ser o distanciamento social. Na verdade, apenas um lockdown generalizado em todo o país pode conter o avanço desta pandemia”, alertou.

A rapidez do contágio da enfermidade preocupa. Mesmo em queda, o número médio de transmissão por infectado (Rt) ainda está em estado de alerta (1,16). Na prática, 100 pessoas transmitem a doença para outras 116. A velocidade na propagação pode ser relacionada à circulação de novas cepas.

“Nas outras vezes em que foi proposto o fechamento da cidade, a gente contava os dias. Entre os dias 10 e 15, ia cair a taxa de ocupação de leitos. Foi assim em todas as quatro vezes. Agora, a gente percebeu, com mais de 15 dias, que baixou apenas a taxa de transmissão, que ainda é muito alta e nos assusta muito, devido à facilidade com que esse vírus circula”, avaliou o médico.

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