PF desencadeia operação contra extração clandestina de quartzito em Minas

Da Redação
20/02/2019 às 07:07.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:37
 (PF/Divulgação)

(PF/Divulgação)

Pelo menos 30 pessoas foram presas pela Polícia Federal suspeitas de extrair ilegalmente pedras de quartzito na região do Parque Nacional da Serra da Canastra, no Centro-Oeste de Minas. A operação "SOS Canastra", deflagrada na manhã desta quarta-feira (20), tem como objetivo desarticular uma organização criminosa que retira ilegalmente as pedras, usadas como revestimento na construção civil, do local há vários anos. 

De acordo com a corporação, estão sendo cumpridos 160 mandados judiciais expedidos pela Justiça Federal de Passos, sendo 77 mandados de busca e apreensão, 73 mandados de prisão (20 preventivas e 53 temporárias), além de 10 apreensões de caminhões, sendo que desses, quatro já foram apreendidos.

Os mandados estão sendo cumpridos nas cidades mineiras de Alpinópolis, Passos, Itaú de Minas, Carmo do Rio Claro, São João Batista do Glória, Piumhi e  Belo Horizonte, além de cidade paulista de Batatais. Também foram determinadas pelo juiz a demolição de alojamentos clandestinos utilizados pelos extratores e a apreensão de todo o maquinário empregado na exploração ilegal.

As investigações tiveram início há oito meses e apuraram que várias pessoas se associaram e passaram a retirar ilegalmente pedras de quartzito do Parna. Após extraídas, as pedras eram transportadas para vários depósitos na região das cidades mineiras de Capitólio e Alpinópolis, sendo posteriormente comercializadas para diversos estados.

Segundo a PF, a fim de facilitar as investigações, os responsáveis pela extração ilegal foram divididos em grupos: extratores, negociadores, vigia, donos de depósitos e motoristas. Dentre os extratores, alguns exerciam a função de donos de bancos, que correspondem a uma pequena área onde o quartzito é retirado. Os donos de depósito encomendavam e adquiriam as pedras dos extratores, diretamente ou por meio dos negociadores, executando o beneficiamento do material para posterior comercialização. Os motoristas eram responsáveis pelo transporte clandestino das pedras extraídas no Parna, para os depósitos onde seriam beneficiadas. O vigia, além de trabalhar como negociador, recebia um percentual para permanecer durante todo o dia em local estratégico no Parna, avisando aos extratores e notoristas sobre qualquer ação dos órgãos governamentais; além de monitorar qualquer veículo que adentrava no Parque.

Juntamente com a representação ao Juiz Federal, foi apresentada uma perícia elaborada por Peritos Criminais Federais, demonstrando a imensa degradação ambiental causada pela extração ilegal, que, por ser uma atividade clandestina, não possuía plano de manejo, despejando rejeitos em diversas áreas do Parque, inclusive em leitos de rios e nascentes que formam a bacia do Rio Grande. Esses rejeitos, em época de chuvas, eram levados para o lago de Furnas, além de ficarem espalhados por diversas áreas do Parna. Ao todo, foram identificados nove locais de extração, alguns com mais de dois quilômetros de extensão.

Durante a investigação, demonstrou-se como a exploração clandestina tem causado diversos danos ambientais ao Parque. A extração do material era realizada por explosivos, com posterior retirada manual por meio de ferramentas. Desse material, cerca de 85% eram rejeitos. Alguns dos envolvidos chegavam a atear fogo no parque, para facilitar a extração ilegal.

Os presos serão encaminhados para o presídio de Passos, ficando à disposição da Justiça Federal. Todos os envolvidos serão indiciados pelos crimes de organização criminosa, extração ilegal de minerais e danos ambientais decorrentes.

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